Clipping Banco Central (2021-03-12)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

taxa básica e os j uro s de longo prazo, que tem sido
prejudicial ao funcionamento da economia.


A professora Margarida Gutierrez, do Coppead/UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirma que
um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic não
representa um choque de juros e que o que interessa
para o nível da atividade econômica são os juros
futuros.


"O que baliza o custo do crédito são os juros futuros. Os
juros de dez anos estão 8,5%. Nos EUA, em 1,6%. Os
de cinco anos estão em 7%. De três anos está em 6%.
Um ano, em 4,5%. Se o Banco Central ficar atrás da
curva de juros, significa que ele perdeu.", Gutierrez
afirma que, por trás da alta da inflação ao consumidor,
há um choque de expectativas inflacionárias e que não
adianta nada o BC não subir os juros por causa da fraca
atividade econômica.


"A gente vai ficar em um mundo pior ainda. Vai ter mais
inflação, isso vai reduzir ainda mais o eventual
crescimento do PIB. Os juros futuros vão subir mais
desordenadamente do que já vêm subindo. Para o PIB
crescer, você precisa de uma série de condições na
economia, incluindo as condições financeiras. Não subir
os juros agora em detrimento de um PIB um pouco
maior é uma falsa questão", afirma.


"Se você tem uma inflação crescendo, ao Banco
Central só cabe uma coisa. Se é uma inflação de
demanda, é o remédio clássico, tem de subir juros. Não
é de demanda, mas é de expectativas. Então também é
o remédio clássico, tem de subir juros, não tem jeito."


Um dos três analistas que projetam um aumento menor
dos juros no próximo Copom, segundo a Bloomberg, é
economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sachez.


Para ele, acelerar o ritmo de aumento dos juros, que
atualmente estão abaixo da inflação corrente com
objetivo de estimular a economia, vai derrubar ainflação
e as expectativas para 2022, que ainda estão em linha
com a meta. Como a política monetária tem defasagens
em relação a seus efeitos, subir muito a taxa agora não


ajudaria a segurar a alta de preços neste ano.

Segundo Sachez, se o câmbio não mexeu com as
expectativas para 2022, o Banco Central tem de fazer
a condução da política monetária de maneira serena e
gradual.

"Todo esse fervor que a gente está assistindo em
relação à inflação deste ano não tem se refletido na do
ano que vem. Pelo contrário, as expectativas em
relação à atividade vêm sendo revisadas para baixo, o
grau de incerteza em relação ao horizonte econômico e
político subiu bastante. Tudo isso mitiga investimento,
crescimento, e agente não vê uma pressão
inflacionária."

Ele afirma que o processo de vacinação da população
economicamente ativa só deve ganhar força no último
trimestre, o que dificulta a retomada das atividades, o
avanço do PIB neste ano e o surgimento de eventuais
pressões inflacionárias adicionais.

"Subir os juros em 0,25, iniciar o ciclo, é diferente de dar
0,50 [ponto percentual] agora. Hoje o mercado está
precificando 6,30% de Selic em janeiro de 2022. Isso já
está no patamar restritivo de política monetária. A partir
desse patamar, agente vai enterrar ainda mais a
atividade. Neste ano a gente vai crescer 2, 9% de PIB
se der muita sorte."

O professor da Fipecafi Estevão Alexandre afirma que
seria saudável aumentar os juros para conter um pouco
mais o aumento da inflação a curto prazo e que isso
deve contribuir para reduzir um pouco a pressão em
cima do dólar, ao reduzir a diferença de juros entre o
Brasil e o exterior.

"Isso tira um pouco a pressão em cima do dólar porque
fica mais atrativo aplicar dinheiro no Brasil. A gente está
vivendo um ambiente de muita incerteza e volatilidade
no mercado. Isso no mundo inteiro. É uma tendência
mundial subir as taxas de juros. Se o Brasil não subir,
pode gerar uma tendência de saída de capital."

Fontes: Banco Central e Ipea
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