Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1

CARTA AO LEITOR - Uma manobra desastrosa


Banco Central do Brasil

Revista Veja/Nacional - Carta ao Leitor
sexta-feira, 12 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Da Redação


Poucas semanas foram tão ruidosas na história recente
do Brasil quanto essa última (e ressalve-se que a rotina
nacional tem sido imprevisível desde 2013, pelo


menos). Em relação à pandemia, vivemos um período
trágico, de recordes na média móvel de mortes,
resultado da falta de planejamento e do negacionismo
por parte do governo federal. Tal marca, por si só, já
seria suficiente para registrar a singularidade — e a
tristeza — do momento. Mas não paramos por aí. A
partir de uma decisão extemporânea (para não dizer
vergonhosa) do ministro Edson Fachin, do STF, o país
viveu dois fenômenos simultâneos e de imenso impacto:
a implosão da Lava-Jato, decidida justamente por um de
seus defensores, e o retorno imediato da elegibilidade
do ex-presidente Lula, alterando significativamente o
xadrez eleitoral para 2022.
A origem de tamanho terremoto é conhecida, mas vale
uma digressão. De forma monocrática e para surpresa
de seus colegas ministros, Fachin alegou na última
segunda, 8, que a competência dos casos de Lula, e
pelos quais o ex-presidente foi condenado e passou 580
dias na cadeia, não deveria ser julgada em Curitiba,
mas, sim, em Brasília. Foi um choque. A competência
dos processos já havia sido objeto de análise em outras
oportunidades no STF. O próprio Fachin negara um dos
pedidos, como revela a reportagem a partir da página


  1. Pode-se até concordar que, de fato, a
    responsabilidade dos processos estivesse errada desde
    sua origem. Mas fazer isso cinco anos depois é um
    descalabro, falta de respeito com o papel da Justiça no
    país e com os brasileiros. É por atitudes assim que o
    STF sofre desgaste na sua imagem, o que só reforça o
    discurso daqueles que pregam uma ruptura institucional.
    Com uma manobra política mal dissimulada, a intenção
    de Fachin foi preservar a reputação pessoal do ex-juiz
    Sergio Moro, que seria julgado por suspeição por causa
    das decisões tomadas quando comandava a 13ª Vara
    de Curitiba. A partir da anulação da competência, o
    ministro imaginava que a questão estaria encerrada — e
    Moro, salvo. Seria uma espécie de chicana jurídica.
    Nem isso conseguiu. Diante da atitude do colega, o
    ministro Gilmar Mendes deu lépida sequência ao
    processo contra o paranaense. A rigor, o grande feito de
    Fachin foi apenas um: decretar oficialmente o fim da
    Lava-Jato. Isso porque, provavelmente, seu movimento
    provocará um efeito dominó no caso de outros réus, de

Free download pdf