MAÍLSON DA NÓBREGA - Imitar é um bom negócio
Banco Central do Brasil
Revista Veja/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 12 de março de 2021
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Autor: MAÍLSON DA NÓBREGA
Copiar o que funciona pode impulsionar o
desenvolvimento
Poucos duvidam da necessidade da reforma tributária,
incluindo a substituição de cinco incidências irracionais
(IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS). É amplo o apoio à PEC
45, baseada em estudos liderados pelo economista
Bernard Appy, que tem esse objetivo. Alguns, todavia,
condenam a PEC por questões formais e por copiar
realidades estrangeiras.
A PEC incorpora a experiência brasileira e o melhor
entre os casos bem-sucedidos do imposto sobre o valor
agregado (IVA). Trata-se, na verdade, de imitar o que
tem dado certo há quase setenta anos. Por isso, mais
de 180 países seguem o modelo. Não é
necessariamente ruim copiar.
Imitar e adaptar conhecimentos encurta caminhos rumo
ao progresso. Ninguém busca reinventar a roda. A
vantagem dos países menos desenvolvidos é copiar
avanços das nações ricas. Pode-se, por exemplo, ter
acesso a oportunidades advindas do telefone celular e
da internet sem investir na sua criação.
Sistemas políticos imitaram a organização criada pela
Revolução Gloriosa inglesa (1688), a qual empoderou o
Parlamento, limitou os poderes do rei e protegeu o
Judiciário de intervenções, incluindo a proibição de o
monarca demitir juízes. Antes, o Senado romano havia
inspirado iniciativas semelhantes. Nem sempre, deve-se
reconhecer, as cópias são a melhor solução. O Brasil
não deveria ter abandonado o parlamentarismo do
Império — que merecia aperfeiçoamentos — para imitar
o presidencialismo americano.
No campo econômico, a imitação é mais comum do que
na área política. Bancos foram largamente copiados.
Imitou-se a industrialização para dinamizar a economia,
ganhar produtividade e elevar o potencial de
crescimento da riqueza, da renda e do emprego. O 14-
Bis de Santos Dumont inspirou outros inventores. A
autonomia formal do banco central, instituída nos
países desenvolvidos no século XX, foi copiada com
vantagens por nações emergentes, como se viu agora
no Brasil.
O melhor exemplo disso é o Japão pós-restauração da
dinastia Meiji (1868), que citei em coluna anterior. No