SÉRGIO RIBEIRO 33
O FC Porto B acaba de conquistar
um título inédito na Ledman Liga-
Pro. Como tem vivido estes últimos
dias?
Têm sido dias muito bons. Quando
a equipa está bem, as coisas correm
naturalmente bem e há alegria, dedi-
cação e trabalho. Dá gosto trabalhar.
Todos sabemos a importância que
tem este título para o clube.
Sentiu a equipa pressionada?
Não. Até porque pressão nós senti-
mos em todos os jogos. O FC Porto é
uma casa em que qualquer jogador
quer sempre vencer e por isso a pres-
são de ganhar existe sempre. Ainda
assim, vejo-a como uma coisa boa e
penso que essa pressão é positiva.
Chegaram à liderança da prova na
sétima jornada, ainda em setem-
bro. No arranque da temporada
sonhavam com a possibilidade de
vencer a prova?
Não. Não tínhamos de todo esse ob-
jetivo definido. Como é normal, no
início do ano definimos as nossas
metas, mas nunca pensámos chegar
a esta fase nesta posição.
Que balanço faz da atual tempo-
rada?
Muito bom. Independentemente de
termos conseguido o título, toda a
gente viu o que esta equipa fez. Não
é fácil estar na liderança desta com-
petição durante tanto tempo. É de
sublinhar todo o empenho, dedica-
ção e esforço de todos os jogadores,
equipa técnica e todo o staff que nos
tem acompanhado diariamente.
Este é o seu terceiro título com a
camisola do FC Porto, depois dos
triunfos em Sub-15 e Sub-19. Por ser
numa liga profissional, este tem um
sabor especial?
Todos os títulos são especiais. Este,
por ser numa liga profissional e o pri-
meiro da história do clube na segun-
da liga, é certamente muito especial.
O que significa este título?
Não tenho dúvida de que é um marco
muito importante na minha carreira.
Na minha e na dos meus colegas. E,
claro, para o clube também.
Chegou ao FC Porto com dez anos e
percorreu os escalões de formação,
com títulos nos Sub-15 e Sub-19. O
que falhou nos Sub-17?
Falhou o jogo fora com o Benfica, em
que perdemos 2-1, e no qual facilitá-
mos um pouco e não conseguimos
vencer. Depois, a sorte, que lhes
permitiu empatar em nossa casa no
último minuto e conquistar o título.
De qualquer forma, e olhando para
trás, sabemos que o título esteve ao
nosso alcance e que podíamos ter
feito melhor.
Este é o segundo ano que lida com
a realidade da equipa B. O que
mudou neste grupo face ao ano
passado, que faz com que chegue
às últimas jornadas a lutar pelo
título?
Este grupo é muito unido, sabemos
o que queremos, somos focados e
acima de tudo somos amigos uns
dos outros. Essa é a forma mais im-
portante de conseguir uma equipa
coesa, capaz de conseguir bons re-
sultados e isso está à vista.
O treinador Luís Castro tem dei-
xado claro que não conta com um
onze, mas com todos os jogadores
do plantel. O balneário sente isso?
Claro. Curiosamente, nos últimos
jogos quem tem feito os golos da
equipa são jogadores que saem
do banco. E é essa a mentalidade
que nós temos. Sabemos que todos
têm que estar prontos para ajudar.
Quando assim é, as coisas acabam
por correr naturalmente bem como
têm corrido até aqui.
Sentiu dificuldades em adaptar-
-se ao nível competitivo e à exi-
gência de disputar um campeo-
nato do nível da Ledman LigaPro?
Na segunda liga deparei-me com
uma realidade bem diferente da
dos Sub-19. Os jogos têm mais inten-
sidade, temos de ser mais rápidos
a decidir, o que não acontecia nos
Sub-19. Penso que todos os que tran-
sitaram para esta equipa sentiram
essa diferença, mas também acho
que, neste momento, os que chega-
ram já têm o mesmo nível dos que
cá estavam.
Espera continuar no FC Porto B na
próxima temporada?
Sim, claro. Tenho contrato com o FC
Porto e espero cumpri-lo.
Chegou em 2006, então com dez
anos, percorrendo grande parte
dos escalões de formação. A equipa
principal é o próximo passo?
Sem dúvida. É um passo que cumprir.
É difícil, mas com muito trabalho, de-
dicação e entrega é o grande objetivo
que quero atingir.
José Peseiro tem recorrido fre-
quentemente a jogadores do FC
Porto B para os jogos da equipa
principal. Sente que a sua oportu-
nidade pode estar a chegar?
Cada vez mais os jovens serão a
aposta. E tem-se notado muito isso.
Há jogadores da equipa B que foram
convocados para jogos da Liga Eu-
ropa ou Liga dos Campeões. Todos
devemos estar preparados para dar
esse passo.
Como se define como jogador?
Odeio perder. Admito que é um dos
aspetos que tenho que trabalhar na
minha personalidade, até porque
a derrota faz parte desta profissão.
REVISTA DRAGÕES maio 2016
“Independentemente de
conseguirmos ou não o
título, toda a gente viu o
que esta equipa fez. Não
é fácil estar na liderança
desta competição
durante tanto tempo.”
Uns dias ganha-se, outros perde-se.
Mas considero-me um jogador que
dá tudo. Sou trabalhador e acho que
isso é o mais importante, até porque
no futebol as coisas mudam muito
rapidamente. São dez anos no clube,
uma vida feita aqui. Foi neste clube
que cresci como atleta e como pes-
soa, com a ajuda de muita gente. Com
toda a certeza, vou dar tudo por ele.
Já teve a oportunidade de trabalhar
com a equipa principal, ao lado de
estrelas como Casillas, Maxi Perei-
ra ou Herrera. Sente-se integrado e
confortável ao lado deles?
Fui muito bem integrado. Eles aju-
dam muito. O Helton, por exemplo,
foi um dos que me ajudou mais. Para
mim, que os tenho como os meus
ídolos de infância, acaba por ser um
sonho, mas o processo é muito na-
tural. É bom poder ouvir o que eles
dizem. Acaba por nos ajudar muito.
Quais as referências que tem no
plantel principal?
O Helton, por todo o percurso que
tem no clube. O Sérgio Oliveira, pelo
percurso nas camadas jovens, por
ter saído, e por ter voltado à equipa
principal, tal como o André André