REVISTA DRAGÕES janeiro 2017
TEMA DE CAPA #
Ele gosta de nos mostrar no quadro os
movimentos certos e o que a gente não deve
fazer, para estarmos tranquilos dentro de
campo. O que ele mostrou é o que nos costuma
mostrar, apesar de para nós ter algo mais. É
bom que ele queira que vejamos a situação
certa em vídeos, análise e desenhos, para que
dentro do campo nos consigamos lembrar,
saber o movimento certo e estarmos bem
posicionados.A sua relação com os portistas é especial?
Depois do jogo com Marítimo cantaram-lhe os
Parabéns e na altura pareceu surpreendido,
disse que era a “melhor prenda” que podia
ter recebido.
Posso dizer que já tenho uma relação especial
com o clube. Eu tenho 24 anos e, apesar de ser
jovem, já passei por cinco clubes e não tinha
tido a oportunidade de ficar algum tempo e
apreender a identidade. A partir do momento
em que cheguei aqui, identifiquei-me com
o clube e acho que isso se reflete dentro do
campo. Sempre que encontro adeptos na rua
e no estádio apoiam-me sempre, são positivos,
mesmo quando há um jogo que não ganhamos.
Isso dá-nos um sentimento de querer fazer o
trabalho bem feito e de dar mais da próxima vez.
Não podemos jogar só por nós, mas também
pelos adeptos e pelas nossas famílias.Quando foi apresentado disse que
acompanhava o FC Porto desde criança no
Brasil.
Estava a conversar ontem com a minha
mulher a esse respeito e já nem me lembrava:
acompanhava o Campeonato português no
Brasil e sempre foi um sonho jogar cá, por
a língua ser a mesma e por o FC Porto ter
grandes jogadores. Na época, estavam cá o
Falcao e o Hulk. É um clube com o qual tinha
uma intimidade maior. Nada é por acaso, estou
feliz e quero aproveitar essa oportunidade a
cada dia.O FC Porto já teve um lateral esquerdo
brasileiro muito marcante, o Branco, e outro
mais recente, o Alex Sandro. Isso diz-lhe
alguma coisa?
Pelo facto de serem brasileiros e terem
feito história com esta camisola, digo queé uma responsabilidade poder manter o
trabalho que eles fizeram. E quando falo em
responsabilidade falo em peso bom, em mais
uma motivação. O Branco foi um grande jogador
da seleção brasileira, campeão do Mundo, e no
Museu está no onze da história do FC Porto. O
Alex Sandro conheço muito bem, é um amigo
e um fenómeno, joga muito à bola. Teve uma
história no FC Porto, ficou quatro anos, é outra
motivação.Por falar em Alex Sandro, podemos falar da
Juventus, que é agora o clube dele. Como vê
a eliminatória da Liga dos Campeões que se
avizinha?
Acho que o FC Porto está a jogar muito bem na
Champions, está a saber usar o fator casa. Muita
gente não acreditava no apuramento quando
nos calhou a Roma e não imaginava que
chegássemos aos oitavos de final. Os adeptos
sim, acreditavam. Agora estamos com muito
mais força e tenho a certeza de que vamos
fazer grandes jogos. A nossa equipa tem muita
capacidade, já demonstrou isso.E na Liga nacional, tem sido difícil correr
atrás do prejuízo?
Acho que o campeonato é muito longo para
se falar já do futuro, mas num clube como
o FC Porto, com esta história e títulos, a
responsabilidade é sempre estar em primeiro.
Com certeza não passa outro pensamento
pelos meus colegas. Estar atrás incomoda-
nos bastante, mas ao mesmo tempo há a
motivação de ganhar jogo a jogo. Sabemos a
responsabilidade que temos de conquistar o
título, mas só o vamos conquistar se lutarmos
em cada jogo.Qual foi, até agora [11 de janeiro], o melhor
jogo da época?
Tivemos muito bons jogos. Um dos principais,
falando em vitórias, foi com a Roma, em Itália.
Pode falar-se nas expulsões, mas quando
fizemos o 1-0 estava 11 para 11 e estávamos a
jogar muito bem. Já joguei no campeonato
italiano e sei o quanto é difícil jogar em Roma. No
clássico com o Benfica também fizemos um jogo
muito bom, de altíssimo nível. Infelizmente não
conseguimos a vitória, sabemos que o futebol é
assim, mas o nível técnico foi muito alto.“O FC Porto é um
clube com o qual
me identifiquei
muito mais”
“Quando se
leva emoção
para dentro do
campo tudo fica
mais fácil”
“Já tenho uma
relação especial
com o clube”
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