Dragões - 201705

(PepeLegal) #1

REVISTA DRAGÕES maio 2017


ANDEBOL #48


DUAS CABEÇAS
A PENSAR
Porque atuam na mesma posição,
poder-se-ia até falar de rivalidade.
Neste caso, porém, deveremos
antes falar de cumplicidade, até
porque o sistema de Ricardo
Costa, não raras vezes, privilegia
a presença de ambos na primeira
linha sendo que um deles assume
as funções de lateral. O sistema
permite permutas sucessivas
entre os dois, permite descobrir
mais espaços para finalizar na
linha dos seis metros e construir
jogo para os laterais. Com os dois
em campo, o jogo ganha em fluidez
e em imprevisibilidade. “Torna-se
diferente pelo tipo de jogadores
que somos, porque obriga também
a quem está a lateral esquerdo
a fazer outro tipo de coisas, a ter
outro tipo de decisões, a ter outro


tipo de soluções que os laterais de
raiz normalmente tomam”, admite
Rui Silva. Até porque, assim, não há
apenas um em campo a arquitetar
o jogo. “Como se costuma dizer,
duas cabeças pensam melhor do
que uma. E isso traz benefícios
não só para mim e para ele a nível
individual, mas também para a
equipa”, acrescenta Miguel Martins.

ALMAS GÉMEAS
Tanto um como o outro
participaram, até agora, nos 33
jogos realizados pelo FC Porto
no campeonato e apresentam
valores muitos semelhante no
remate, seja ao nível da eficácia,
seja ao nível da precisão – os dois
estão, aliás, no pódio dos centrais
mais concretizadores. A razão
para números tão idênticos é
simples: é tudo uma questão de

regularidade. “Tanto eu como o
Rui temos tido bastante tempo de
jogo e isso também nos ajuda a
estarmos mais soltos em campo,
a não cometermos tantos erros
e a colocarmos o nosso melhor
em prol da equipa”, explica o
central que se tornou, em 2013, o
segundo mais jovem jogador de
sempre a estrear-se no principal
escalão do andebol português.
Esta evolução tem várias
explicações. Uma delas é o
treino, as cargas de treino: “É
algo que até pode ser entendido
como negativo, mas na verdade
não é, porque ao repetirmos os
processos e as movimentações
crescemos enquanto jogadores.
Por outro lado, este é o segundo
ano em que que estamos a
praticar este estilo de jogo, já
estamos mais bem adaptados

àquilo que o treinador nos pede”,
argumenta Miguel Martins.
Com o tempo de treino, com
o tempo de jogo, por sua vez,
ganha-se experiência, diz Rui
Silva: “A que tivemos no ano
passado foi negativa em termos
de resultados, mas há sempre a
tirar uma parte positiva, que foi
crescermos enquanto jogadores,
adquirirmos mais competências
e recursos, estarmos em alerta
para aquilo que não devemos
fazer”.
Rui e Miguel admitem que estão
a realizar, em termos individuais,
uma boa temporada, talvez a
melhor da carreira – os números
não mentem -, mas sabem que ela
só será perfeita, só fará sentido
se, no fim, o FC Porto ganhar.
Naquele balneário só se pensa
no resgate do título.
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