Psique - Edição 135 (2017-05)

(Antfer) #1
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de energia psíquica. Essa é a principal
dificuldade que se apresenta quando
se tenta pensar o altruísmo psicanaliti-
camente, porém sem levar em conta o
narcisismo. Isso porque, como vimos,
de acordo com a Psicanálise, mesmo
uma ação aparentemente altruísta traz
ganhos psíquicos para quem a pratica
(tais como o reconhecimento social, e a
valoração que o outro dá à minha ação).

IMAGENS: 123RF E WIKIPEDIA


nosso caso postados, ou seja, cons-
cientes) e o “dizer” (que é da ordem do
inconsciente e da outra cena que esse
dizer implica). O dizer é pensar a ação
enquanto sendo feita, e não como es-
tando pronta, finalizada; é questionar
os desdobramentos dessa ação. Mais
do que encerrar (como fazem o dito,
o feito, a imagem, o post), o dizer nos
impele a questionar aquele a quem se
diz, procurando também pelo motor
daquilo que se diz, aqui no caso do que
se posta.
Pois, como afirma Lacan, “um dis-
curso que não se articula por dizer al-
guma coisa é um discurso de vaidade”
(Lacan, 1968-1968, p. 42).

Lacan (1968-1969, p. 24) chama o Outro de
“campo da verdade”, isto é, um “lugar em que
o discurso do sujeito ganha consistência, e
onde ele se coloca para se oferecer e ser
ou não refutado”. O conceito de “campo da
verdade” não contém necessariamente em si
algum efeito de verdade; ele apenas se apre-
senta como verdade, sem, porém, apontar
para a verdade do sujeito, que é inconscien-
te. Assim, Lacan define o Outro como esse
campo que se propõe o campo dos saberes
e das verdades, enquanto que o outro (com
inicial minúscula) permanece sendo o outro
semelhante, a outra pessoa.

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G
G
Œ


O outro


A


Psicanálise convida a uma visita
ao Narciso que há em cada um
para, quem sabe, poder compreender
as dimensões das ações, de tal modo
que elas não sejam mais apenas base-
adas em imagens, mas que possam, de
fato, incluir o outro nessa trama de
amor de Eu para Eu. Com isso, é pos-
sível e provável que a ação ou a men-
sagem não se inicie e se encerre em
mim, ou no Outro, mas que, em vez
disso, ela possa chegar ao outro, ou
seja, a outro semelhante.
Segundo Lacan, há uma diferença
entre o “dito” (que se refere ao campo
dos saberes enquanto enunciados – em

REFERÊNCIAS
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo: Comentários sobre a Sociedade do Espetáculo. Rio de
Janeiro: Contraponto, 1997.
FREUD, Sigmund. Sobre o Narcisismo: uma Introdução [1914]. In: Obras Psicológicas Completas, vol. XIV.
Tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 2006.

. O Ego e o Id [1923]. In: Obras Psicológicas Completas, vol. XIX. Tradução: Jayme
Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
GUASCO, Luiz. A Lenda de Narciso. São Paulo: Editora Scipione, 2009.
LACAN, Jacques. O seminário: Livro 16: de um Outro ao Outro [1968-1969]. Tradução: Vera Ribeiro. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
MOUTINHO, Luciana. Diálogos com o Oriente. Psicanálise e Zen, dois métodos para além do sentido: A
dimensão do ato. Dissertação (mestrado em Psicologia Social) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2015.
TSÉ, Lao. Tao Te King [séc. VI A.C.] Tradução: Marcos Martinho dos Santos. São Paulo: Altar, 1988.


É questionável se os instrumentos digitais de compartilhamento localizam as ações no nível
narcísico dos sujeitos, em detrimento de atos puramente altruístas
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