era questão de honra cumprir o prazo. Então, para
não arriscar demais e não perder tempo, a Apollo 10
foi a única missão do programa a parr da plataforma
39B do Ceno Espacial Kennedy, na Flórida. Isso
para que as preparações da Apollo 11 seguissem a
galope na plataforma 39A, logo ali ao lado.
A Apollo 10 chegou à órbita lunar em 21 de maio,
o módulo lunar Snoopy (pilotado por Stafford com
apoio de Cernan) se separou do módulo de comando
Charlie Brown (sim, uma homenagem dos asonautas
aos personagens de Charles Schulz) e iniciou a descida
para a Lua, chegando a sobrevoar a região do Mar
da Tranquilidade, escolhida para o primeiro pouso,
a meros 15 km de alde – pouco mais que a alra
típica de cruzeiro de um avião de passageiros na Terra.
Imagine dois asonautas einados, a apenas um
passo de iniciar um pouso lunar. Qual seria a tentação
de, conariando ordens, ir adiante e alunissar? Depois
de enfrentar a rebeldia dos irritadiços asonautas da
Apollo 7, a Nasa preferiu não arriscar, e nem abasteceu
totalmente o estágio de ascensão do módulo lunar.
Ele só nha combustível suficiente para reenconar
o módulo de comando a parr de uma alde de
15 km. Se Stafford e Cernan procedessem com um
pouso não autorizado, não poderiam deixar a Lua.
“Se eu gostaria de ter estado no primeiro pou-
so? Claro que sim”, disse Cernan. “Mas do jeito que
aconteceu foi melhor, foi uma boa decisão, e para
mim funcionou ainda melhor, porque ve a chance
de voltar e comandar a ipulação que eu escolhi, no
que acabou sendo o úlmo voo até a Lua. Então, em
reospecto, não me arrependo de nada.”
A Apollo 10 foi a missão que até hoje levou os
asonautas mais longe de casa – ao angir a Lua
perto do momento de máximo afastamento lunar em
sua órbita ao redor da Terra, a nave chegou a estar a
408.950 km da cidade de Houston, lar dos asonau-
tas. A distância média Terra-Lua é de 384 mil km.
A missão permaneceu em órbita da Lua até a
madrugada do dia 24, quando o módulo lunar se
separou, realizou o ensaio para o pouso e tornou a
subir para reenconar-se com o módulo de comando
e serviço. O procedimento não foi sem emoção. Na
hora de elevar sua alde para o reencono, durante
a separação do estágio de descida, o veículo começou
a girar fora de conole, e Stafford e Cernan ocaram
vários palavrões até recobrarem o domínio sobre o
veículo. A Nasa, na época, minimizou o incidente.
Mas mais algumas piruetas e a missão se tornaria
irrecuperável, condenando o módulo a uma indese-
jável colisão com a superfície lunar.
É uma boa medida de como os americanos arrisca-
ram um bocado para vencer a corrida espacial – mas
todos os riscos estavam a apenas um passo de serem
compensados.
- Gene Cernan,
Thomas Stafford
e John Young. - O módulo de
comando e serviço
Charlie Brown,
em órbita da Lua. - O estágio
de ascensão
do módulo
lunar Snoopy
no reencontro
com o módulo
de comando
Charlie Brown.
Cernan contou assim a história: “Eles
decidiram mandar a Apollo 8 para a
Lua sem o módulo lunar. A Apollo 9
teve o módulo lunar em órbita terres-
e, e nos ocorreram duas coisas para
a missão seguinte: se vamos enviar
esses caras até a Lua, colocá-los nessa
missão perigosa, por que não os dei-
xamos ir até o final e tentar pousar?
Por que assumir o risco, ir tão longe e
não deixá-los pousar? E ouo grupo
disse: bem, vamos deixá-los fazer do
menos pousar. Vamos aceitar os riscos,
executar todos os passos que precedem
o pouso e deixar só esse úlmo passo
para o próximo voo. E então essa foi a
decisão, tomada antes de parrmos.”
Com isso, a Apollo 10, realizada ene
18 e 26 de maio de 1969, foi o úlmo
passo, um “ensaio geral”, antes da tão
sonhada alunissagem ipulada, estabe-
lecida como meta pelo presidente John
F. Kennedy oito anos antes. Àquela al-
ra, faltavam menos de sete meses para
expirar o prazo estabelecido pelo líder
americano, assassinado em 1963, que
indicava que a missão deveria ocorrer
antes do final da década. Para a Nasa,
De 18 a 26 de
maio de 1969.
Sim. O ensaio geral
abriu caminho para
uma tentativa de
pouso lunar na
missão seguinte.
DURAÇÃO
TRIPULANTES
DEU CERTO?
Thomas P. Stafford
John W. Young
Eugene A. Cernan
DOSSIÊ SUPER 29
Grupo Unico PDF Passe@diante