Dossiê Superinteressante - Edição 404-A (2019-07)

(Antfer) #1
–, e esse processo culminou com o celular que está
neste momento no seu bolso. Na época, o módulo
lunar nha de abalhar com um computador cuja
memória de abalho (RAM) nha apenas 64 kbytes,
o equivalente a uma única foto em baixa resolução.
Mas é assim que as coisas começam.
A Nasa se tornou uma grande consumidora da
nascente indúsia eleônica e, ao lado do desen-
volvimento militar de mísseis balíscos, ajudou a
derrubar o preço dos circuitos integrados para que
eles enconassem seu caminho na economia de mer-
cado. Há esmavas de que, já em 1963, o programa
Apollo estava sozinho consumindo 60% de toda a
produção americana de circuitos integrados. E nesse
caso específico a aplicação nas viagens lunares era
muito mais exigente que a dos mísseis, porque era
necessário garanr confiabilidade num ambiente
mais exemo, o espaço. Tudo isso ajudou a parir o
mundo moderno.
Teria acontecido sem o programa Apollo? Prova-
velmente sim. Mas demoraria mais.
E não custa também a gente lembrar o fato de
que, quando você tenta superar um desafio tão ab-
surdamente difícil e cheio de nuances quanto levar
seres humanos à Lua e azê-los de volta à Terra, seus
programas de pesquisa e desenvolvimento produzirão
tantas inovações que é inevitável que, cedo ou tarde,
elas se tornem produtos usados aqui mesmo, no nosso
codiano, para melhorar a nossa vida.
A Nasa mantém uma base de dados com todas
as invenções que se tornaram produtos derivados
(cosma-se usar o termo “spin-offs") de seus pro-
gramas espaciais. Só ligados ao programa Apollo, são
mais de 1.800 produtos até hoje. Quer uma lisnha?
Sistemas de resfriamento de ajes desenvolvidos
para as caminhadas lunares hoje são usados por pi-
lotos, técnicos de reatores nucleares, funcionários de
estaleiros e pessoas com esclerose múlpla; máquinas
de diálise se beneficiam de um processo químico de-
senvolvido pela Nasa para filar resíduos tóxicos que
as torna mais econômicas; equipamentos para manter
os asonautas em forma com exercícios anaeróbicos
estão em academias; sistemas de filagem de água
das naves foram parar em filos doméscos; comida
desidratada e congelada hoje existe nas prateleiras
dos supermercados; tecidos resistentes ao fogo usa-
dos hoje pelos bombeiros nasceram das chamas da
Apollo 1; ntas usadas em automóveis; lubrifican-
tes para bulações; materiais de isolamento térmico
criados para espaçonaves agora revestem casas, e por
aí vai... uma lista de 1.800 produtos não vai caber
aqui, mas dá uma ideia de como o programa lunar
serviu como um imenso catalisador para a criavidade
humana. E os benefícios estão ao seu redor, sem que
você se dê conta de onde eles vieram.

Simulação
do cockpit do
módulo lunar
da Apollo 11
durante o
pouso na Lua.

Um efeito muito mais claro diz
respeito ao desenvolvimento da com-
putação. Qualquer voo espacial exige
cálculos feitos em tempo real, com rá-
pido processamento e a máxima mi-
niarização possível. Estamos falando
de uma época em que computadores
ocupavam salas inteiras. Mas, durante o
programa Apollo, a Nasa precisou fazer
os computadores caberem deno do
relavamente modesto módulo lunar,
para colher e processar dados em tempo
real de modo a permir a alunissagem.
A iniciava deu um impulso enorme
no processo de miniarização dos cir-
cuitos integrados – até então uma novi-
dade com pouca demanda de mercado


DOSSIÊ SUPER 51

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