a década de 2020 terá novamente humanos voando
ao redor da Lua – e possivelmente até pousando nela.
Em 2003, com o acidente do ônibus espacial
Columbia, uma comissão foi criada para avaliar o
programa espacial americano. Ficou claro então que
faltava um objevo de longo prazo, e no ano seguinte
o presidente George W. Bush anunciou um plano de
retorno à Lua até 2018, em preparação para uma fura
viagem a Marte. Foi criado o Projeto Constellaon,
uma tentava de reper as velhas missões lunares
numa escala maior, algo que o então adminisador da
Nasa Mike Griffin definiu como “Apollo com anabo-
lizantes". Mas faltou dinheiro, e em 2010 o presidente
Barack Obama decidiu cancelar a iniciava.
O Congresso, condo, impediu a perda total. Em
vez disso, salvou a cápsula Orion – versão moderna
da Apollo – e manteve também em desenvolvimento
um superfoguete, o SLS, comparável ao Sarn V.
(A ideia por ás do SLS é baseá-lo em tecnologias
desenvolvidas para os ônibus espaciais, aproveitando
a infraesura disponível. O maquinário para fabri-
cação do velho Sarn V, claro, há muito se perdeu.)
Ambos os projetos vêm andando meio que aos
ancos e barrancos, mas têm assentamento em to-
da a experiência adquirida com a gestão da Estação
Espacial Internacional (ISS). Por exemplo, o módulo
de serviço da Orion é fornecido pela ESA, a Agência
Espacial Europeia. É certo que a próxima empreitada
lunar será realizada em regime de parceria ene países
- modelo oposto ao que foi adotado na Guerra Fria.
Com efeito, a Nasa decidiu que irá consuir uma
pequena estação orbital ao redor da Lua, o Lunar Ga-
teway, nos mesmos moldes da ISS, com conibuição
de vários países. Em fevereiro, o Canadá foi o primeiro
país a aderir formalmente, comprometendo-se a pro-
duzir um braço robóco. Espera-se que Japão, Rússia
e países europeus também embarquem no projeto.
Mais importante que isso, a Nasa está fazendo um
esforço danado para realizar o primeiro lançamento do
SLS com uma cápsula Orion, sem ipulação, em 2021.
No ano seguinte, o voo seria ipulado – a primeira
viagem aos arredores da Lua desde a Apollo 17, meio
século antes. E aí tentar pousar humanos de volta na
Lua na terceira missão SLS/Orion, em 2024. O novo
projeto foi bazado apropriadamente de Artemis.
Afinal, na mitologia grega, Ártemis é a irmã de Apolo,
e é certo que as novas missões terão mulheres nas
ipulações que conduzirão a segunda grande era de
exploração lunar.
Muito bem, do lindo. Mas vai acontecer ou é só
programa espacial de powerpoint, como vários dos
planos infalíveis da Nasa nas úlmas décadas? Desta
vez, graças a inovações exaordinárias na indúsia,
um retorno à Lua na próxima década parece bem
provável, quiçá inevitável – como veremos a seguir.
M
MUITO ANTES de ser chamado a pro-
jetar o Sarn V, foguete gigante que
levaria as naves Apollo à Lua, Wernher
von Braun escreveu em 1952 um argo
na revista Collier's em que rascunhava
o furo espacial prestes a se desfral-
dar. Ele acreditava que em primeiro
lugar seriam desenvolvidos foguetes
para ansporte até a órbita terrese,
seguidos pela consução de uma es-
tação espacial ipulada gigante, de on-
de furamente poderiam ser enviadas
missões à Lua e, mais tarde, a Marte.
Na década seguinte, a Guerra Fria
inverteria essa lógica, obrigando o pre-
sidente John F. Kennedy a apostar de
cara no objevo mais difícil – a con-
quista da Lua. Só que, uma vez vencida
a corrida espacial, a Nasa não teria mais
um cheque em branco e seria obrigada
a realizar novos projetos com recursos
mais modestos. Para dar uma ideia, no
auge do gastos com o programa Apollo,
em 1966, ela chegou a comandar quase
5% do total do orçamento federal ameri-
cano. Aalizando pela inflação, seriam
cerca de US$ 46 bilhões, só naquele ano.
Daquele ponto em diante, o orça-
mento da Nasa foi murchando e, em
1971, um ano antes do fim das viagens
à Lua, angiu o patamar aal. Hoje,
corresponde a 0,5% do orçamento fe-
deral, cerca de US$ 20 bilhões. Isso,
por si só, explica por que a Nasa não foi
mais à Lua e ainda estamos a aguardar
uma nova onda de exploração lunar.
Felizmente, as circunstâncias estão mu-
dando e, meio século após as primeiras
expedições, há razões para acreditar que
UMA NOVA
CÁPSULA,
CHAMADA
ORION, E
UM NOVO
FOGUETE,
O SLS,
PROMETEM
REALIZAR
MISSÕES
LUNARES
TRIPULADAS
A PARTIR
DE 2022.
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