Ainda que os faraós pudessem desposar suas irmãs e até mesmo as pró-
prias filhas por razões dinásticas, o povo em geral não adotava a mesma prá-
tica incestuosa. Amantes e esposos chamavam uns aos outros de meu irmão e
minha irmã, mas isso era apenas uma forma carinhosa de tratamento.
O casamento de tios e sobrinhas, entretanto, parece ter sido permitido.
Os documentos não indicam que houvesse antes do casamento um período
correspondente ao nosso atual noivado.
O que parece ter sido exigido é a virgindade para a jovem nubente, fato
ao qual era dada uma grande importância. O romantismo, por outro lado,
sempre existiu. Um jovem escreve com relação à sua amada: “Negra é a sua
cabeleira, mais negra do que o escuro da noite, mais negra do que a baga do
abrunheiro silvestre. Vermelhos os seus lábios, mais vermelhos do que do que
tâmaras maduras. Os seus dois seios estão bem plantados no seu peito.”
No caso de ser firmado um contrato de casamento entre as partes, o que
podia ocorrer até sete anos após o início da coabitação, procurava-se garantir
os direitos da mulher e dos herdeiros se eventualmente houvesse a separação
do casal ou morte do cônjuge.
Tanto o homem quanto a mulher podiam pedir o divórcio, ato que não
exigia qualquer formalidade nem a redação de qualquer documento. Bastava
que um cônjuge repudiasse o outro oralmente.
Adultério, incompatibilidade de gênios ou esterilidade eram algumas das
causas que podiam acarretar a separação. O marido podia enviar à esposa um
documento informando-a que renunciava à união conjugal, liberando-a para
um novo casamento.
Pelo menos teoricamente, o adultério era punido com severidade. As leis
previam a emasculação para o homem violador, uma punição com cem basto-
nadas caso o crime tivesse sido praticado sem violência, a mutilação do nariz e
das orelhas, ou ainda trabalhos forçados. A mulher podia ter o nariz cortado ou
ser banida para a Núbia. Na prática, as punições eram bem mais brandas, quan-
do existiam. Afinal, a própria deusa Néftis, irmã e amante do deus Seth, lhe fora
infiel com o deus Osíris. Os pintores e os escultores dão-nos uma imagem sim-
pática da família egípcia. O pai e a mãe aparecem de mãos dadas ou abraçados
pela cintura. Os filhos, muito pequenos, agrupam-se em torno dos pais. No
reinado de Akhenaton, tornou-se moda representar as efusões do casal régio.
A rainha aparece sentada nos joelhos do rei e nas pinturas sepulcrais, o marido
e a mulher aparecem retratados sempre um junto do outro, unidos para toda a
eternidade como seria bom supor que tivessem sido durante a vida.
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