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negra tocam os agogôs. Pessoas dançam no centro e outras ao redor
só observam. O HOMEM chega e pede a um rapaz para chamar a
JÉSSICA, negra, 25 anos.
O HOMEM: Bom dia, mano, quero trocar uma ideia cá Jéssica.
Chama ela pamim aí.
JÉSSICA (SURPRESA):Não acredito, é você mesmo? Saiu da prisão
quando?
O HOMEM (FELIZ): Acabei de ser soto, tá ligado? E vim ver você e
tombém ver meu guri. Porra o moleque deve tá grande pá caralho.
JÉSSICA: Pois é, Júnior tem 9 anos já. Tá cada dia mais teimoso.
Nisso ele puxou a você.
O HOMEM: Isso é passado, tá ligado? Não sô mais aquele homi.
Quero outra vida agora. Vou conseguir um trampo, alugar um
barraco e levar você e o moleque pá morar comigo.
JÉSSICA: Só que não é assim que a banda toca não. Eu também
mudei. Não sou mais aquela garotinha de rua que você conheceu
não. Muita coisa mudou em sete anos.
O HOMEM: Qual foi, Jéssica? E nóis fica como?
JÉSSICA: Não fica. Temos muito que conversar, mas em outro
momento. Venha, vamos ver seu filho.
Jéssica e O HOMEM vão em direção às pessoas dançando no terreiro.
CENA 5 ∙ EXT. ∙ FAVELA ∙ DIA
Com a parte de classificados do jornal nas mãos, o HOMEM está em
uma fila à procura de emprego em uma rede de supermercados. Ele
é dispensado por um funcionário ainda na entrada do mercado. A
entrada de outros homens brancos é permitida.
O HOMEM: Bom dia, mano. Vi que vocês tão precisando de gente
pá trabaiar na faxina.
FUNCIONÁRIO: Infelizmente você não se enquadra no perfil
desejado para a vaga.