RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

(Oficina dos Filmes) #1

121


O HOMEM (V.O)


Caralho, mano, o que eu faço para sair dessa? Sem um trampo,
com fama de ladrão, fudido pra caralho. Vô tê que dá um jeito
nisso...

CENA 11 ∙ EXT. ∙ FAVELA ∙ DIA

O dia amanhece, e o HOMEM sai de casa para caminhar. Ele vê
crianças, gatos e cachorros disputando palmo a palmo o café da
manhã numa lata de lixo na lateral de uma pequena feira.

O HOMEM (V.O)
Caralho, que porra é essa, mano? Como que essa molecada terá
futuro? Como é que vão querer sê alguém de bem assim, sem
dignidade, sem orgulho, sem respeito, sem saúde, sem paz, sem
porra nenhuma nessa vida?

CENA 12 ∙ EXT. ∙ FAVELA ∙ DIA

O HOMEM vê ZÓIO, pardo, 30 anos, um antigo conhecido, na esquina
da rua. Ele está encostado no seu carro, bem vestido e usando um
Rolex. Dois estudantes adolescentes pegam algo das mãos de Zóio.

O HOMEM (SORRINDO): Caralho, mano, o que você faz por aqui,
Zóio? Porra ... cê tá bem na fita. Qual foi desse bôbo aí? Cê tá
parecendo um bodinho, tá ligado?

ZÓIO (SORRINDO): Colé, meu chapa? Bodinho porra nenhuma.
Mas e aí? Você tá aqui nas quebradas de novo?

O HOMEM: Porra, mano, saí daquele inferno tem umas semanas.
Tô aí fazendo uns corri, buscando um trampo de responsa, mas tá
ligado, né? A gente parece que tá marcado.

ZÓIO: Porra de trampo, cê tá maluco? Nóis é rato, tá ligado? Tô
aqui de gerente dessa biqueira. A molecada do colégio compra
tudo comigo. Tá dando a maior grana. Se tu quiser, boto você na
parada.

O HOMEM: Porra, mano... Eu... eu... Você tá pagando quanto pá
essa ...
Free download pdf