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Bazar pra mim é festa!
Marys Jam
FADE IN
CENA1 ∙ INTERNA ∙ BAZAR ∙ À TARDINHA
Pequeno Bazar com duas mesas ao fundo junto a prateleiras de
livros, LPs e alguns VHSs estrangeiros usados; um balcão de
lanchonete com cadeiras altas na frente à direita, onde o dono,
Murilo Ahmed, um jovem senhor, serve kaftas, esfihas, chopes, cafés,
sangrias e vinhos baratos. Gerard Durand, um senhor de meia idade,
com pescoço levemente curvado, frequentador do local, ouve música,
com fone de ouvido, junto a uma prateleira de discos antigos em
frente ao balcão.
MURILO AHMED (Dirigindo-se, com modos simpáticos, a GERARD
DURAND):
Mais uma vez ouvindo Piaf, Milord?
GERARD DURAND (Retira o fone de ouvido e, com leve sotaque
francês, dirige-se ao dono do bazar):
Tirei umas horas de folga para ouvir Callas. Véspera do Dia da
Pátria. (Aponta para o long play, retira o fone e deixa o som
ligado no aparelho, imitando gestos de maestria com as mãos)
Ouça! Que maravilha! (Ouve-se um trecho da ária “A Habanera”)
Coletânea perfeita! Quanto custa?
MURILO AHMED: Uns trocados. Oito dólares no valor de hoje. Se
quiser, posso fazer o câmbio.
GERARD DURAND (Vai até o balcão ajeitando o suspensório por
baixo do paletó):