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(Oficina dos Filmes) #1

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DONA DETINHA: Sua mãe seguiu o destino dela. Ela já não
aguentava mais.

Severiana tem um surto, começa a gritar e Dona Detinha a leva pra casa.

SEVERIANA: Mainha, mainha, não me deixe só, mainha.

CENA 36 ∙ CASA DE DONA DETINHA ∙ INT ∙ MANHÃ

Dona Detinha passa umas folhas, reza Severiana.

DONA DETINHA: Deus te remiu, Deus te criou, Deus te livre de
quem mal para ti olhou. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Virgem do pranto, tirai este quebranto.

Dona Detinha macera umas folhas e depois dá um banho na menina.

DONA DETINHA: Tenha calma, minha filha. Yemanjá tem um
presente procê. Cê vai ter uma menina. Ela vai te dar boa sorte.

SEVERIANA: Minha Nossa Senhora e minha Mãe Yemanjá, não
deixem minha filha sofrer como eu. Ela não pode ser mulher do
pai. Ela não vai ser mulher do pai.

Dona Detinha vira mais uma cuia de banho sobre Severiana. A
menina se arrepia toda e Dona Detinha também. Um vento forte
passa batendo as janelas e portas da casa.

CENA 37 ∙ CASA DE SEVERIANA ∙ INT ∙ NOITE

SEVERINO: Desgraçada, ingrata. Ela vai voltar rastejando.

Severino já está na metade da garrafa. Severiana chega.

SEVERINO: Tava onde, ordinária?

SEVERIANA: Bença, pai.

SEVERINO: Deus te crie pra mim.

SEVERIANA: Tava procurando mainha.

SEVERINO: Aquela vagabunda vai voltar rastejando.

Ele continua a beber e se gabar.
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