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REVISTA DRAGÕES MARÇO 2021
HERRERA
FC Porto-Lokomotiv, 4-1
06 de novembro de 2018
Estádio do Dragão, no Porto
Começou tudo num “túnel”, numa maldade
de Maxi Pereira só para isolar Marega, que
atraiu a saída do guarda-redes do Lokomotiv
antes de cruzar atrasado para Herrera
marcar. Ao centésimo jogo no Dragão, o
médio mexicano fazia o golo um minuto e
20 segundos depois do apito inicial e ainda
haveria de participar de forma decisiva no
lance do 2-0, devolvendo a gentileza da
assistência a Moussa Marega com um chapéu
subtil numa jogada deliciosamente perfeita,
finalizada com mais um “túnel”. O jogo ainda
conheceu mais um golo mexicano, apontado
por Corona, que em oito minutos respondeu
à reação e redução de diferenças de Farfán,
que tinha minorado a vantagem do FC Porto
à expressão mínima. E depois de Tecatito
ainda marcou Otávio, no fecho de contas.
Líder do Grupo D desde a segunda jornada,
o FC Porto acabaria por atingir os oitavos
de final da Champions pelo terceiro ano
consecutivo, somando 16 pontos, mais do
que qualquer outra equipa conseguiria. Com
Sérgio Conceição na pele de treinador, os
azuis e brancos igualaram o melhor registo
que alguma vez tinham conseguido na
fase de grupos, quando, 22 anos antes, em
1996, o mesmo Sérgio Conceição era ainda
jogador. Com 15 golos, o FC Porto ficou a
apenas dois do ataque milionário do PSG e
deixou para trás a produtividade ofensiva de
colossos como o Barcelona e o Real Madrid,
com a particularidade de Moussa Marega
ter apontado cinco golos em cinco jogos
consecutivos, marca apenas superada
por Robert Lewandovski e por Lionel
Messi. O percurso do FC Porto só seria
travado nos quartos de final pelo Liverpool,
que acabaria por vencer a competição.
O jogo terminou debaixo de chuva intensa e com um golaço de
Otávio, que dissipou todas as dúvidas e alargou distâncias com um
remate forte e colocado três minutos depois dos 90. Foi o terceiro
dos quatro golos apontados pelo brasileiro na Liga dos Campeões.
5 VITÓRIAS
Os cinco golos mais rápidos do FC Porto
na Liga dos Campeões partilham a
particularidade de terem sido apontados
em cinco vitórias e perante adversários
de cinco países diferentes: Noruega,
Escócia, Itália, Rússia e Espanha.
REVISTA DRAGÕES MARÇO 2021
BRUNO ALVES
Atlético Madrid-FC Porto, 0-3
08 de dezembro de 2009
Estádio Vicente Calderón, em Madrid
Em pouco mais de um minuto o jogo já
tinha Bruno Alves em suspenso, a pairar
muito acima de todos os outros, como se
tivesse parado por um instante à espera
do cruzamento de Raul Meireles, preparado
num pontapé de canto com a precisão que
vulgarmente resumimos com a ajuda de três
palavras mágicas: conta, peso e medida. Lá
em cima, muito lá em cima, Bruno só teve que
escolher o ângulo mais distante para dirigir o
cabeceamento e fazer o golo, gastando um
minuto e 23 segundos desde o apito inicial
para silenciar o Vicente Calderón. O Atlético,
que já tinha perdido no Dragão, voltaria a
perder em Madrid, mas por números mais
expressivos, porque Falcao e Hulk marcariam
mais tarde, numa prova inequívoca de poderio
e afirmação europeia. Jesualdo Ferreira, o
treinador, tinha acabado de assistir ao “melhor”
dos 32 jogos em que tinha participado
desde o banco na Liga dos Campeões.
Falcao, que já tinha marcado ao Atlético no Estádio do Dragão, fez o segundo golo do
FC Porto em Madrid, mas aquele que acabaria por rivalizar com a ponte aérea de Bruno
Alves foi o terceiro e último da noite, apontado por Hulk: depois de receber a bola de
Fredy Guarín, o brasileiro dançou diante de dois adversários e disparou forte e colocado,
eliminando todas as probabilidades de êxito ao voo desesperado de Sergio Asenjo.
O FC Porto não era propriamente um desconhecido para Quique Flores
quando os Dragões venceram confortavelmente em Madrid. Antes disso,
o treinador madrileno, que substituiu Abel Resino no comando técnico
do Atlético em outubro de 2009, já tinha perdido a Liga portuguesa e a
Taça de Portugal para os azuis e brancos seis meses antes do reencontro,
quando ainda treinava o Benfica. Terceiro classificado do grupo, com
apenas três pontos, Quique e o Atlético de Diego Fórlan, Kun Agüero
e Paulo Assunção foram relegados para a Liga Europa, competição que
acabariam por vencer cinco meses depois, derrotando o Fulham na final.
400 KM
Os cinco melhores tempos do
FC Porto na Champions foram
estabelecidos na Península
Ibérica e numa linha reta com
pouco mais de 400 quilómetros
a separar o Porto e Madrid.