SOARES, K. C. P. C; DEBORTOLI, J. A; GRANDO, B. S. 47
O MODO SER E VIVER AKWẼ-XERENTE
Pensar epistemologias alternativas que permitam ser possível
lançar indagações acerca do entendimento de que o lazer se manifesta
em diferentes contextos, de acordo com sentidos e significados
produzidos/reproduzidos pelas pessoas nas suas relações com o
mundo. E sobre essas relações, Ingold (1988) pondera que os seres
humanos são tão únicos quanto outra espécie, também única em
sua maneira particular de ser e, assim, sugere que natureza e cultura
sejam uma coisa só e não haja dicotomias. Para dizer das práticas
culturais e /ou lazer é necessário situá-los, por meio de organismos
em ambientes, formando uma totalidade indivisível.
As indagações e reflexões teóricas realizadas por Tim Ingold (2000)
auxiliam-nos a pensar o habitar indígena através da compreensão das
relações entre ambiente, cultura e percepção, como um processo
social. Este antropólogo britânico traz a ideia da aprendizagem
como um processo essencialmente social – não somente por
uma perspectiva cerebral, mas pela relação entre diversos agentes
(humanos e não humanos)^4. Busca, de forma ousada, estabelecer
o rompimento do dualismo natureza/cultura, criando a antropologia
ecológica. Ingold (2000) propõe um estudo das diferentes formas
de viver no mundo em que habitamos, fazendo uma análise da
importância das condições materiais da existência, verificando como
(^4) Tim Ingold critica essas visões e interpretações que supervalorizam o pensamento
nos seres humanos em oposição às outras características de todos os outros
seres vivos, colocando esses últimos em posição inferior se comparados com os
primeiros. Ele afirma que os seres humanos são tão únicos quanto é qualquer
outra espécie, também única em sua maneira particular de ser. “Assuredly, if you
are a human being, there is a certain adaptive advantage in being able to think,
just as there is in being about to construct dams or webs if you are a beaver or a
spider” (INGOLD, 1988, p. 97).