Cartas à restinga 61
“barrigudinhos” que, ariscos, não se deixavam fisgar. As iscas usadas nos diminutos
anzóis eram o miolo de pão e, para os destemidos, minhocas (ainda vivas, lógico!).
Quando as águas desciam, testava-se a firmeza do solo, praticando-se o “chap-chap”,
o som do pisar no chão com os tamancos. Tudo seco, o “chap” ficava inaudível e já se
podia usar sapatos (tênis, o que é isto?).
Lembro-me de uma valeta, que foi aberta para escoar a enorme quantidade de
água atrás das casas, do lado par da RESTINGA. A valeta saía da casa de meu tio e
acompanhava a RESTINGA em toda sua extensão, passava por baixo do “pontilhão” ao
final e ia desaguar na Lagoa de Grussaí. A valeta teve vida efêmera. Ela exigia que os
moradores construíssem uma “pinguela”, com uma manilha para passagem da água.
Aqueles que possuíam automóvel deveriam reforçar a “pinguela”.
O aspecto romântico da valeta: em frente à casa de Reinaldo Terra e suas filhas Marta,
Magaly e Maria Lucia, já após desativada, serviu de point para encontros, bate-papos,
violão e paqueras. Foi chamada a “BURACA”. Tinha gente que vinha lá do começo da
RESTINGA na altura da casa do primo Paulo, a pé, já com luz na rua, embora deficiente,
para participar do enlevo da “buraca”. Ai, que saudades, que...
Eu me lembro das partidas de vôlei, realizadas entre Atafona e Grussaí, com o
clube deste ainda em construção. Graças ao esforço e dedicação de Arlindo Aquino e
Humberto Soares, de cada lado. Em Grussaí, os jogos eram disputados na RESTINGA,
em frente à Igreja de Santo Amaro. Tijolos, caixotes e o que mais servisse como assento
eram como poltronas estofadas. Caravanas de carros e camionetes transportavam
inflamadas torcidas.
Lembro-me das programações realizadas na semana em volta de 15 de janeiro (Santo
Amaro, o padroeiro). As competições esportivas tinham vulto. Entre elas, a corrida
rústica com início na curva para São João da Barra e chegada em frente à igreja. Quando
competiam, os dois primeiros lugares eram Teresa Cristina Henriques e Euclides Gaia (o
saudoso Quidinho, filho da terra).
Eu me lembro de.........alguma coisa mais... Fica para outra oportunidade.
Raul Pinto de Castro