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ambientais locais. Na região da RPPN Fazenda Caruara, este ecossistema é formado
por grupos vegetais de características distintas que revestem as planícies litorâneas
quaternárias representadas pelo Paraíba do Sul (OLIVEIRA et al., 1997), originadas
nas variações do nível do mar e correntes deposicionais, tornando-se mais densa e
diversificada quanto mais afastada da linha de preamar.Histórico de Criação da RPPN Fazenda CaruaraHistoricamente, o modelo de ocupação do território brasileiro se implementou
pelo litoral. A pressão antrópica sobre as restingas e seus ecossistemas associados
não data de hoje, sendo a expansão das cidades litorâneas e a grande especulação
imobiliária sobre as faixas de praia as principais responsáveis por elevarem as restingas
a patamares de extremamente ameaçadas. Esses ecossistemas ocupam as regiões
com maior densidade demográfica, acima de 100 habitantes/km², quase cinco vezes
superior à da média nacional, que é de 23,81 habitantes/km² (IBGE, 2014).A legislação
ambiental brasileira estabeleceu instrumentos de proteção e conservação desses
ambientes, que se consolidam na preservação dos importantes remanescentes de
vegetação natural do domínio atlântico. Nesse cenário, as unidades de conservação
apresentam-se como âncoras dessa importante tarefa.
No ano de 1992, a área compreendida pela restinga de Grussaí e Iquipari foi
elevada à condição de Reserva da Biosfera pela UNESCO. A Portaria nº 126 do Ministério
do Meio Ambiente (MMA), de 27 de maio de 2004, passou a considerar a área da
Fazenda Caruara como de alta prioridade para a proteção do ecossistema de restinga,
recomendando a criação de uma unidade de conservação. Esta portaria foi revogada
pela Portaria nº 9 do MMA, em 23 de janeiro de 2007, e a área-foco continuou sendo
considerada como prioridade muito alta para a conservação do ecossistema.
Em dezembro de 2006 a empresa LLX, atual Prumo Logística S.A., adquiriu a
Fazenda Caruara do Grupo Othon. A área encontrava-se parcialmente antropizada por
atividades agropastoris. Porém, 70% da propriedade permaneceu coberta pelo mais
importante remanescente de vegetação nativa da região de São João da Barra.
Mediante acordo firmado com o Governo do estado do Rio de Janeiro e a
Prefeitura de São João da Barra, em julho de 2010, a empresa comprometeu-se a
transformar a área da Fazenda Caruara, com cerca 4.235 hectares, em uma RPPN a ser
implantada e operada pela empresa.
A criação da RPPN Fazenda Caruara, no ano de 2012, foi um marco para aconservação das restingas do país. Dos
4.235 hectares originais da propriedade,
3.845 hectares fazem parte da Portaria
de criação (INEA/RJ/PRES Nº 357, de 19
de julho de 2102), pois foi preciso excluir
a faixa de Marinha para a constituição da
reserva. Mesmo assim, esta se tornou a
maior unidade de conservação privada
de restinga do Brasil, abrigando um dos
principais remanescentes preservados de
restinga da região Norte Fluminense.
A RPPN Fazenda Caruara
encontra-se cercada por duas lagoas
costeiras, Grussaí e Iquipari, que formam,
em conjunto com os diversos grupos de
vegetação, um cenário de beleza ímpar
na paisagem. A criação desta RPPN, a
primeira do município de São João da
Barra/RJ, foi uma iniciativa voluntária da
empresa que internalizou e desenvolveu o
conceito de ativo ambiental, demonstrando
ser possível conciliar desenvolvimento
industrial e conservação da biodiversidade.
A RPPN Fazenda Caruara é a
âncora de todas as ações ambientais
relacionadas à fauna e flora da empresa no
território de São João de Barra. Sua criação
viabilizou a implementação de programas
voltados à conservação da biodiversidade
local, onde a Prumo Logística S.A. implanta
o Porto do Açu. Os programas desenvolvem
ações de recuperação ambiental, proteção
de áreas verdes e educação ambiental.
Os primeiros reconhecimentos
do trabalho desenvolvido na RPPN
Fazenda Caruara vieram, em 2013,
através de premiações socioambientais