VOO LIVRE REVISTA LITERÁRIA - EDIÇÃO DE JUNHO - Nº 11

(MARINA MARINO) #1

Bibiana segue seu homem, o
primo Severo, amor em comum das
duas na adolescência e motivo de
rivalidade. Severo, personagem
importantenahistória,setornapaido
filhoefilhasdeBibiana,companheiro
fiel e sindicalista atuante nas causas
dos trabalhadores rurais. Enquanto
Belonísia se mantém no ambiente
rural, mesmo depois de se unir ao
matutoTobias,“porforabelaviola,por
dentro pão bolorento”. Acaba viúva
muitonova,recusandosecasarouter
novo amor. Sem filhos, dedica-se
inteiramenteacuidardaprópriaroça–
nãovoltaavivercomospais,mesmo
com sua impossibilidade de
comunicação - emudeceu quando
criançaaoperderparteda língua,em
desastrosoacidentecomafacadaavó,
numa travessura entre ela e a irmã
Bibiana. Belonísia se mostra uma
mulher forte e decidida sabendo
defender-see atémesmo defendera
amigaMariaCaboclacontrao marido
violento. Tudo isso em um ambiente
minuciosamente descrito, na fazenda
ÁguaNegra,naChapadaVelha.


De forma envolvente e
cativante, o autor nos leva a uma
viagem profunda ao Brasil pouco
conhecido, a uma dura realidade dos
povosdescendentesdeafricanoses-


cravizados que vivemno campo,em
regime de“semiescravidão”, semter,
noentanto,tomdevitimização.Narra
deformaobjetivaumaduravivência;
e de forma sensível e apurada, com
olharclínico elinguagempoética, os
sentimentos, asdorese movimentos
íntimosqueessarealidadeprovoca.O
autor coloca em evidência o que é
necessárioperceber.Oqueainjustiça
socialpodefazercomavidadeuma
pessoa, de uma comunidade inteira.
Em uma linguagem de beleza, uma
verdadeiraprosapoética,aobrafala
deancestralidade,deespiritualidade,
dedesigualdadesocialedouniverso
feminino com tanta delicadeza e
responsabilidade que espanta,
surpreende,envolve,emociona.
Sobre o universo feminino,
confesso que me intrigou como o
autor pode ter conseguido ir tão
fundo,,entendertãobemos proces-
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