A Gazeta Região Metropolitana - Edição 238

(Wilson) #1

2 29/06 a 05/07/2019 A Gazeta Região Metropolitana http://www.grupoparanacomunicacao.com.br


ƒ Nova geração de consoles ‘é
mais do mesmo’, diz chefe da
Platinum Games
A essa altura, quem acompanha o mercado de jogos
deve saber que tanto Microsoft quanto Sony já estão
preparando seus novos consoles. Muitos podem estar
curiosos para saber o que vem por aí, mas Atsushi Inaba,
presidente da Platinum Games, diz que esses consoles
são mais do mesmo.
“É mais do mesmo. E isso é OK. Com isso, quero
dizer que as coisas vão se mover mais rápido, os gráficos
vão ser melhores e talvez vai ser mais fácil, com menos
tempo de espera, e isso é bom para o consumidor. Mas
de qualquer forma é simplesmente mais do mesmo, para
ser franco, comparado às gerações anteriores. Não é nada
disruptivo ou super inovador, se você me perguntar”,
declarou o executivo em entrevista ao site Video Games
Chronicle.
Ainda durante o bate-papo, o líder da Platinum
Games ressaltou que está mais empolgado com as
opções que envolvem jogatina na nuvem (como o Google
Stadia, por exemplo) do que com as opções que já
existem e foram modificadas apenas em alguns aspectos.
“Agora você olha e eles [fabricantes de consoles] só
estão pegando coisas que já existem”, continuou Inaba.
“É por isso que, para mim, coisas como as
plataformas da nuvem representam inovação e algo
muito, muito diferente – elas são plataformas que me
animam e onde eu sinto que há muito mais inovação
acontecendo”, concluiu o presidente da Platinum Games.

ƒ Recorde da Oi: operadora
transmitiu 4,27 terabytes de
dados
A operadora Oi bateu recorde de volume de tráfego
de dados durante a etapa brasileira do circuito mundial
de surfe Oi Rio Pro, em Saquarema (RJ). Foram 4,
terabytes na rede montada durante os quatro dias de
evento.
Segundo a assessoria da Oi, os 4,27 terabytes de
dados transmitidos equivalem a 1,09 milhão de fotos em
alta resolução. O recorde foi batido quando comparado
com 2018, ano em que a operadora transmitiu 3,
terabytes.
O WiFi da Oi estava aberto ao público, o que ajudou
na alta quantidade de trocas de dados. Dessa forma,
foram obtidas 377.980 conexões neste ano, um aumento
de 45%, já que em 2018 foram 260.500 conexões.
Para conseguir suprir essa demanda, os links de
dados totalizavam 2,2 gigas de capacidade trazidos por
7 quilômetros de cabos de fibra ótica próprios. Sobre
dados móveis, foram instaladas antenas e equipamentos
extras no local do evento.

ƒ Huawei: Google deve perder 800
milhões de usuários com abandono
do Android
Um mês após a Google anunciar a adesão às
restrições impostas à Huawei pelo governo Trump
na guerra comercial entre China e Estados Unidos,
as consequências aos poucos vão tomando forma em
decisões das empresas e em números. O Departamento
de Comércio dos Estados Unidos recuou um pouco,
dando um pouco mais de tempo para as companhias
se adaptarem ao boicote, e, ao que parece, a gigante
asiática terá mesmo que se adaptar ao novo cenário.
A Google adiantou que os usuários que já possuem
dispositivos da Huawei devem continuar recebendo as
atualizações, porém, os novos aparelhos possivelmente
devem trazer a solução caseira HongMeng OS (ou Oak
OS) em vez do Android. Isso, segundo o presidente da
fabricante, Ren Zhengfei, deve causar um impacto de
US$ 30 bilhões em sua receita.
Agora, em uma entrevista mais recente, concedida
à CNBC, ele estima o quanto isso também deve afetar
a Gigante de Mountain View. Segundo ele, “Huawei e
Google sempre estarão na mesma linha de interesse e,
se não rodarmos seu sistema, eles vão perder de 700
milhões a 800 milhões de usuários no futuro”.

| RÁPIDAS


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| EXPEDIENTE


| OPINIãO


Lorotas e meias verdades


De onde parte essa onda de
falsidades, versões, simulações
e dissimulações que se espraia
pela paisagem? Nunca se ou-
viu um disse me disse tão farto
quanto este do repertório de in-
vencionices que usa gravações
de conversas, edições de vídeos,
vazamentos de mensagens, en-
volvimento de juízes e procura-
dores e até redes tecnológicas
internacionais?
Fragmentos do que se ou-
viu nos últimos dias: hacker rus-
so, bilionário russo, pagamento
em bitcoins; Gleen Greenwald,
jornalista americano sediado no
Brasil, articulador de vazamen-
tos; disseminação de hashtags
falsas; compra do mandato de
Jean Wyllys para renunciar e
dar lugar ao deputado David
Miranda (PSOL). E mais: o russo
da história seria Pavel Durov, 35
anos, criador do Telegram, que
só se veste de preto e muda de
casa com frequência com temor
do manda-chuvas do Kremlin.
Ao lado do irmão Nikolai, ele
desenvolveu a plataforma Tele-
gram para conversar sem risco
de ser espionado pelo governo
de seu país. A ideia surgiu quan-
do os dois ainda eram donos da
maior rede social da Rússia, a
Vkontakte (VK), criada em 2006.
Lembre-se: a plataforma
teria sido a usada pelo ex-juiz
Sérgio Moro e o procurador Del-
tan Dallagnol.
O que é verdade? Que hou-
ve muita conversa entre eles,
não há dúvida. Mas é fato que
o fingimento faz parte da nossa
cultura, e se mostra forte nesses
tempos de polarização, quando
adversários se atracam nas redes
sociais desfechando punhaladas
recíprocas. O caráter nacional,
como é sabido, é povoado de fin-
gimento. A propósito, vai aqui
uma historinha com essa faceta:
31 de março de 1964. Be-
nedito Valadares se encontra

com José Maria Alkmin e Ola-
vo Drummond no aeroporto da
Pampulha. Benedito, matreiro,
pergunta à outra raposa:


  • Alkmin, para onde você
    vai?

  • Para Brasília.

  • Para Brasília, ah, sim,
    muito bem, para Brasília.
    Os três saem andando para
    o cafezinho, enquanto Benedito
    cochicha no ouvido de Drum-
    mond:

  • O Alkmin está dizendo
    que vai para Brasília para eu
    pensar que ele vai para o Rio.
    Mas ele vai mesmo é para Bra-
    sília.
    Eis um despiste bem do jei-
    tão brasileiro: vou enganar meu
    interlocutor, dizendo-lhe a ver-
    dade para tirar proveito da sua
    desconfiança. Envolve a sagaci-
    dade de um e a malandragem de
    outro. Eles querem dizer: “quan-
    do você pensa que está indo, eu
    já estou voltando”.
    A esperteza não se restrin-
    ge aos atores políticos. Faz par-
    te do cotidiano das pessoas. Os
    comportamentos na esfera polí-
    tica costumam infringir normas,
    coisa que herdamos do passado.
    A clonagem na cultura política
    chega, hoje, ao mais adiantado
    grau de sofisticação. A Operação
    Lava Jato tem sido gigantesco
    duto por onde passam verda-
    des, meias verdades, mentiras e
    lorotas. Estamos diante da maior
    escalada de pistas, muitas falsas,
    de nossa história, envolvendo
    atores políticos de amplo espec-
    tro, alguns presos, outros denun-
    ciados, enquanto adversários
    travam guerra na arena das re-
    des sociais. Onde vamos parar?
    Imensa confusão invade as
    mentes. Afinal, Lula está preso
    por ter cometido crime ou por
    ter sido injustiçado pelo então
    juiz Moro? Teve culpa ou não nas
    denúncias como favorecido nos
    casos do tríplex no Guarujá e no


sítio de Atibaia? Houve ou não
roubo nos cofres da Petrobras?
Tudo foi obra da imaginação de
delatores mancomunados com
procuradores? Moro fez com-
binação ou não com Dallagnol?
A história da política é rica
nas frentes da simulação e dis-
simulação. O cardeal Mazarino,
ministro de Luis XIII, ensina
em seu Breviário dos Políticos:
“age com os teus amigos como
se devessem tornar inimigos; o
centro vale mais do que os extre-
mos; mantenha sempre alguma
desconfiança em relação a cada
pessoa; a opinião que fazem de ti
não é a melhor do que a opinião
que fazem dos outros; simula, dis-
simula, não confies em ninguém
e fala bem de todo mundo. E cui-
dado. Pode ser que neste exato
momento, haja alguém por perto
te observando ou te escutando,
alguém que não podes ver”.
A descrição cai bem no mo-
mento que atravessa o país. A
falsidade campeia, na tentativa
de esconder a verdade. Até pa-
rece que os “inventores de cau-
sos” que emergem quase todos
os dias nas redes sociais apren-
deram com Nicolau Eymerich,
frade dominicano espanhol que,
em 1376, escreveu no “Manual
dos Inquisidores”: falar sem con-
fessar: responder às perguntas
de maneira ambígua; responder
acrescentando uma condição;
inverter a pergunta; fingir-se de
surpreso; mudar as palavras da
questão; deturpar o sentido das
mensagens; auto justificar-se;
fingir debilidade física; simular
demência ou idiotice e até se dar
ares de santidade.
Hoje, há muito demônio
disfarçado de santo.

Gaudêncio TorquaTo
Jornalista, é professor titular
da uSP, consultor político e de
comunicação Twitter
@gaudtorquato

por Gaudêncio Torquato
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