— Eu já estou gostando — eu digo, encorajando-a e ela me
dá um soquinho no braço, sua expressão meio divertida, meio
irritada. E, como eu esperava, isso a faz prosseguir.
— Toda noite ela andava em uma trilha através de uma
floresta muito, muito escura, até o pé de uma linda cachoeira e lá
ela olhava para a lua e fazia um pedido — ela diz. — Toda noite o
pedido era o mesmo.
As palavras de Marley tecem um feitiço, e eu imagino que
vejo a garota. Realmente a vejo, olhando para a lua ao pé de
uma cachoeira, seus lábios abrindo enquanto ela sonha com...
— Ela sonhava com amor — Marley diz como se estivesse
lendo a minha mente. — Ela era uma sonhadora sem ninguém
com quem compartilhar seus sonhos.
Sinto a solidão da garota dentro de mim.
— Mas aconteceu que, naquela noite, a lua estava cheia.
Mais brilhante do que nunca — ela diz suavemente. — Olhando
para baixo, ela viu algo no chão. Uma pérola. Ela a pegou e
ouviu um homem dizer “com licença, mas eu acredito que isso é
meu”.
— Era? — Eu pergunto. — A pérola era dele?
Ela assente.
— Então ela lhe entregou a pérola e sob a luz do luar ele viu
lágrimas nos olhos dela — Marley diz e eu me agarro a cada
palavra. — O homem perguntou a ela: “por que você está
chorando?”. E a garota respondeu baixinho: “por um momento eu
achei que ela poderia ser para mim”. Mas o homem pegou a
pérola e continuou andando pela trilha.
— Babaca — eu digo.
— Espera — ela responde com um sorriso sábio.
— É melhor ele não ser um babaca.
— Na noite seguinte, enquanto fazia seu pedido, a menina
ouviu um barulho atrás de si — Marley continua a história, me
ignorando. — Era o homem, e em sua palma estava a pérola. Ele
disse: “Eu viajei por muitas estradas atrás desse tesouro perdido,
dessa parte de mim, mas foi você que a encontrou e a devolveu
para mim. Agora eu quero dá-la a você”, e colocou a pérola na
car0l
(CAR0L)
#1