— O que foi? — Eu pergunto e ela aponta para cima,
inclinando a cabeça para trás, suas bochechas rosadas brilhando
na catarata de luzes.
Eu ergo os olhos e vejo um ramo de visco pendurado bem
acima de nós, bem no meio do túnel.
— Você sabe o que isso significa — Marley diz, seu olhar
mais quente que o chocolate na minha mão.
Eu arqueio as sobrancelhas, surpreso, e observo a
quantidade de pessoas em volta de nós. Marley, que quase não
quis sair hoje, quer me beijar em público?
— É?
Ela faz que sim, o chantilly ainda no seu lábio.
— Sim.
Eu me inclino para beijá-la e as mãos dela agarram a frente
da minha jaqueta, me puxando mais para perto, o beijo cada vez
mais intenso. Eu me perco nele, os lábios dela gelados, mas
doces. Quando nos afastamos, eu estou sem fôlego, tonto da
melhor forma possível.
Eu ajeito o cachecol dela mais para perto do seu pescoço e
ao olhar para o lado vejo um par de olhos castanhos familiares
no fim do túnel.
Sam.
— Merda — eu digo quando o vejo balançando a cabeça,
como se estivesse decepcionado.
— O que foi? — Marley pergunta surpresa.
— Sam.
Ela vira a cabeça para tentar vê-lo, mas Sam já está indo
embora, seus ombros largos sumindo em meio aos pisca-piscas
de Natal.
O clima meio que morre depois disso, então nós saímos do
túnel iluminado e andamos devagar na direção da minha casa,
Marley entrelaçando sua mão na minha.
— Desculpa — ela diz, puxando meus dedos suavemente. —
Pelo Sam.
— Não, tudo bem. Eu venho tentando contar pra ele — eu
digo, erguendo os olhos para a neve, e alguns flocos caem na
minha testa —, é só que...
car0l
(CAR0L)
#1