UMA HISTÓRIA em uma letra de mão muito mais bonita do que eu
jamais sonharia em ter. Os patos se viram para me olhar quando
me aproximo. Eu vou murmurando “desculpas” para eles
conforme se afastam abrindo caminho para mim até Marley.
— Ei — eu digo e pego a mão dela. Ela me lança um olhar
apavorado, seus traços congelados de preocupação. — Você vai
conseguir.
Ela solta um longo suspiro, não totalmente convencida.
— Como você me convenceu a fazer isso?
— Você é a melhor contadora de histórias que conheço — eu
digo com convicção. — Você consegue.
Ela parece duvidar, mas eu sei que vai ser ótimo. Eu sei mais
do que ninguém o quanto ela é especial. A cada dia ela se abre
um pouco mais, tornando-se cada vez mais ela mesma.
E agora, hoje, ela vai compartilhar uma parte pequena de si
com mais pessoas além de mim. Uma coisa sobre a qual
conversamos desde que ela me deixou ler suas histórias no
outono passado.
Eu puxo a rosa de trás de mim e finalmente vislumbro um
sorriso.
— Minha favorita — ela diz ao pegá-la. — Eu amo... isso —
ela acrescenta, me levando de volta para a noite de Halloween,
nosso pequeno bordão.
— Você está falando de mim ou da rosa?
O sorriso cresce e ela aperta minha mão.
— Dos dois.
De mãos dadas nós seguimos até a tenda, onde quase todos
os lugares já estão ocupados por estudantes animados com
cadernos e canetas. Do jeito antigo. Nada de notebooks ou
tablets. Escrever do jeito que Marley faz.
Eu fiz questão de evidenciar esse detalhe no anúncio gratuito
que Scott foi legal em me deixar colocar no Times duas semanas
atrás, já que ele está se esforçando muito para me convencer a
ficar mais um semestre.
Dou um beijo no rosto dela e me sento em uma cadeira vazia
enquanto ela anda até a frente da sala de aula improvisada com
um mar de olhos a encarando. Ela congela e eu prendo a
car0l
(CAR0L)
#1