Eu começo a discutir, mas ele me impede.
— Nada do que você contou aconteceu de verdade — ele diz.
— Você estava em coma. Eu estava aqui. Eu te vi, cara, e eu juro
que você não saiu dessa cama.
Eu sacudo a cabeça, meu coração batendo alto no peito. Ele
está errado.
— Ainda parece real — eu digo, pensando em Marley. — Ela
parece real.
Ele desdenha e puxa o celular.
— Isso é fácil descobrir — ele diz.
Sim. É claro. Eu me sento, vendo-o abrir o navegador,
digitando as letras do nome de Marley e erguendo os olhos para
mim em expectativa.
— Marley...
Eu congelo. Marley...? Qual é o sobrenome dela? Eu sei que
eu sei. Eu reviro meu cérebro, tentando me lembrar de algum
momento que ela o tenha mencionado.
Mas eu não consigo. Eu não consigo lembrar se ela me disse.
Como isso é possível?
Eu engulo em seco, hesitando.
— Eu, hum. Não sei — eu admito, falando baixinho.
Sam guarda o celular e ergue as sobrancelhas.
— Você estava apaixonado por uma garota sem sobrenome?
Você não achou isso estranho?
— Ela tem sobrenome — eu esclareço, ficando irritado. — Eu
só não me lembro porque não importava...
— O único lugar em que essas coisas não importam é nos
sonhos, cara — Sam diz, guardando o celular de volta no bolso.
Ele me olha com seriedade. — Eu vou te dizer o que é real.
Kimberly é real. Kim está viva. Não essa menina do seu sonho.
Você não está feliz com isso?
Eu ainda consigo sentir como a lápide de Kim era áspera sob
os meus dedos, o peso infinito do luto, como pesava nos meus
braços e pernas.
— Claro que estou feliz, mas...
— Ei, família! — Uma voz diz, me puxando de volta para o
presente. — É aqui a festa?
car0l
(CAR0L)
#1