no chão em uma pequena cascata.
Diga logo.
Mas eu não consigo. Porque há algo no rosto dela. A coisa
exata pela qual eu venho procurando. A coisa sem nome que nós
dois entendemos.
— Eu quero... uma amiga — eu digo, minhas próprias
palavras me surpreendendo. — Alguém que não me conhecia
antes disso tudo acontecer. Alguém com quem eu possa ser eu
mesmo, o eu que estou me tornando. Não quem eu era. Quem
eu quero ser.
— Nós todos queremos isso, não? — Ela diz, assentindo da
forma que fazemos quando alguém diz exatamente o que
pensamos.
Mas eu preciso colocar um limite. Por mim. Por Kim.
— Mas isso é tudo que posso ser. Só um amigo.
Ela morde o lábio e assente. Algo parecido com alívio se
assenta nos ombros dela. Como se fosse um meio termo seguro
para ela também.
— Definitivamente. Só amigos. Mais nada.
Então ela se ilumina e estende o galho de cerejeira para mim.
Eu o pego, soltando uma pequena risada.
— Então... o que significa? De verdade? — Eu pergunto para
ela.
— Flores de cerejeira? Significam renovação, um novo
começo — ela diz.
As palavras dela fazem um arrepio subir pelos meus braços.
Outra rajada de vento puxa as flores de cerejeira da árvore atrás
de nós e sacode o galho na minha mão. Os olhos dela estão
brilhantes quando ela sorri por trás do cacho de pétalas brancas
e cor-de-rosa enquanto a luz do sol reluz nas árvores em volta
dela.
Mais tarde, quando volto para casa, eu tiro minha jaqueta e
encontro uma pétala de flor de cerejeira presa na manga. Eu a
pego e a seguro na palma da mão. A cor sempre me fez pensar
em Kim no baile de formatura, usando um vestido do mesmo tom