PREFÁCIO
Talvez uma das atitudes mais difíceis no momento atual, seja a possibilidade de “dar voz ao outro”,
no sentido de permitir que a diversidade se manifeste e que seja respeitada.No mundo de hoje
tem-se um olhar míope sobre situações, valores e sentimentos e parece que só se enxerga e se
admite a existência da vida caso ocorra uma altíssima semelhança consigo mesmo, de tal
ordem, que “a colagem” seja a única forma de se admitir que outras manifestações exis-
tam, como mera sombra de si próprio.
Neste contexto, conceitos como valores, beleza, patrimônio natural são muito rela-
tivos. Por que lutar por preservação de patrimônio natural num planeta tão desi-
gual quanto o nosso? Essa luta faz sentindo para a humanidade que degrada
tudo por onde passa, com o único objetivo de acumular mais?
A resposta para esta pergunta é sim! Vale a pena dar voz às minorias
preservacionistas porque é delas que pode emergir o novo, onde
existem valores quase esquecidos, verdadeiras joias raras muito
escondidas.
O que se observa em Restinga Paralela é exatamente este
outro pouco visto ou próximo de ser esquecido: os be-
los rios hoje transformados em lagoas com menos
peixes, as barras dos rios fechadas em consequ-
ência da intervenção humana equivocada, os
caranguejos que vão desaparecendo aos
poucos, o muxuango da restinga que qua-
se ninguém conhece... Estes estão pre-
sentes neste livro, que abre espaço
para o registro das restingas do
norte fluminense e sua ocupa-
ção, desde o século XVI aos
dias atuais. Este livro é
uma contribuição para
se dar voz à restin-
ga.
A Editora