Revista LPV (4) PDF

(Anita Santana) #1
Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por que...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

Após sofrer um aborto
espontâneo, Florbela
permanece doente por
um longo período. Em
1921, divorcia-se de
Alberto, passa a viver
com um oficial de
artilharia, Antônio
Guimarães e sente o
preconceito da
sociedade. De volta a
Lisboa, em 1923, publica
“Livro de Sóror Saudade”.
Nesse mesmo ano, sofre
novo aborto e separa-se
do marido. Em 1925,
casa-se com o médico


Mário Laje, em
Matosinhos. Em 1927,
sua vida é marcada pela
morte do irmão, em um
acidente de avião, fato
que a levou a tentar o
suicídio. A morte precoce
do irmão lhe inspirou a
escrever “As Máscaras
do Destino”.
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