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á quase 100 anos, dentistas canaden-
ses fizeram uma das maiores desco-
bertas da história da medicina: identi-
ficaram um hormônio essencial à
sobrevivência de qualquer ser huma-
no. a insulina. Graças a seu achado, nào só entende-
mos melhor de que forma o organismo aproveita a
glicose das refeições como foi dada a largada para o
tratamento de uma doença que, naquela época, era
letal, o diabetes. Um século depois, o avanço nas
pesquisas e no setor farmacêutico permitiu que mi-
lhões de pessoas com o problema pudessem viver
anos e anos de forma digna. Se no passado as inje-
ções empregavam hormônios extraídos de animais e
dependiam de agulhas grossas e dolorosas, hoje as
moléculas concebidas em laboratório e as canetas de^
aplicação com ponta finíssima tornaram o dia a dia
mais tranquilo. Mas isso não significa que acabaram
os desafios. Até porque não existe uma pílula (ou in-
jeção) mágica que cure o diabetes. Seu controle de-
pende de conscientização, uso correto das medica-
ções e adoção de hábitos saudáveis. E é ai que
batemos de frente com as dificuldades que perse-
guem a rotina de pacientes e familiares.
Para entender o impacto da doença, as falhas e
barreiras ao tratamento e outras percepções e com-
portamentos dos brasileiros que convivem com a con-
dição e o uso de insulina, VEJA SAÚDE e o núcleo de
Inteligência de Mer do do Grupo Abril realizaram,
OS ALTOS
E
BAIXOS NO
com o apoio da Novo Nordisk, a pesquisa “Os Altos e
Baixos do Diabetes na Família Brasileira”. Por meio de
questionários respondidos pela internet por mais de
1300 pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 e esposos.
filhos ou pais de pacientes, o estudo pinta um panora-
ma do que pode ou precisa mudar no rol de cuidados
a fim de melhorar a saúde de quem tem a doença e o
bem-estar da casa toda. “A pesquisa mostra gargalos
de educação ao paciente e traz informações úteis não
só para empoderá-lo mas também para conscientizar
Estudo mapeia como a doença, o tratamento (^) quem está no seu entorno”, avalia o endocrinologista
e os ajustes na rotina repercutem na vida de
pacientes e familiares e quais os desafios do
sobe e desce da glicose no horizonte
fexlo DIOGO SPONCHIATO
design e ilustrações ANDRE MOSCATELU
e curador do projeto, Carlos Eduardo Barra Couri.
“E nos convoca como médicos a aprimorar a
orientação dada em consultório e por outras vias”
completa o também coordenador do Endodebate,
evento em que o levantamento foi apresentado vir-
tualmente a mais de 3 mil profissionais. A maioria
dos pacientes entrevistados tem pelo menos cinco
anos de diagnóstico e uso da insulina, o que pressu-
põe maior conhecimento e prática com o tratamen-
to. Ainda assim, foram identificadas situações preo-
cupantes envolvendo a aplicação correta do
hormônio, a monitorização da glicose, o manejo da
hipoglicemia e a adesão a hábitos bem-vindos. ®
50 VEJA SAUDE AGOSTO 2020