EBOOK-TEMPO-DE-VOAR (1)

(MARINA MARINO) #1

Passados alguns segundos, e a morte se arrependia
da falta de tato:



  • Tudo bem, tudo bem... Acho que deixei a aflição
    falar mais alto. Peço desculpas. Vou tentar me controlar.
    Até porque, se espero sugestões sobre o que fazer nestes
    dias que me restam, não será com falta de modos que
    angariarei simpatias.


Mas como sua baixa autoestima não obtivesse
aplausos, revoltava-se e abandonava de novo os modos:



  • Mas que impertinência! Então duvidam que eu
    mereça quem me sugira uma ideia neste momento
    inglório? Ora, só porque fui e sou o responsável pela
    limpeza geral, acham que todos quereriam distância da
    minha pessoa, como se eu fosse um repugnante urubu
    dançando em meio à carniça?! Pois eu gostaria de saber o
    que seria da higiene do mundo se não houvesse aves de
    rapina pululando por aí. Ah! como eu gostaria!...


Passados outros segundos de um silêncio sepulcral,
e retorna a morte com um pouco de vergonha:



  • Peço desculpas novamente por minha
    intemperança. É que, se me perdoam o trocadilho, esta
    nova situação está me matando. – Houve um e outro
    risos, mas nada que se pudessem dizer estimulantes.

  • Bem, aguardo propostas. Quem será o primeiro a
    se manifestar?


Como o silêncio permanecia, a morte foi-se
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