OPINIÃO
lembrar do que você comeu no al-
moço de uma terça-feira de 1986.
O carro era fabuloso. Tinha uma
aceleração que acompanhava de
perto o Nissan GT-R. Ele era capaz
- e conseguiu – de superar um Ariel
Nomad em um estágio de rali. E era
robusto, bem fabricado, produzia ru-
ídos vulcânicos, não era muito caro
e... você não se lembra de nada dele.
O Audi RS 3. Desse você pode se
lembrar bem claramente. Esse foi
um carro que conquistou o coração
de gearheads de todo o mundo. Mas
mesmo que o TT RS fosse basica-
mente igual sob a carroceria, não fez
um único bip no seu radar.
Imagine minha decepção, então,
quando na semana passada desco-
bri que iria avaliar mais um Audi TT.
Desta vez, uma versão conversível
do modelo TTS. Pelo amor de Deus!
Uma olhada rápida no interior reve-
E
xistem muitas maneiras de pe-
gar no sono. Meu método prefe-
rido é imaginar que meu colega
James May está explicando como a
eletricidade funciona ou mostrando
as realizações do escritor e aven-
tureiro T. E. Lawrence. Mas, como
você nunca viu realmente o James
May sem edição, isso não vai fun-
cionar no seu caso. Então, que tal o
seguinte como sugestão? O Audi TT.
É o carro emocionante menos
empolgante já feito. Tão perfeito e
extraordinário quanto o cumpri-
mento de um diplomata: ele vem até
você com um sorriso radiante e um
terno impecável, mas é incapaz de
causar arrepios. Se fosse uma pes-
soa, seria daquelas que concordam
com tudo que qualquer um fala.
Nos tempos do Top Gear, levamos
um Audi TT à Islândia e produzimos o
que certamente foram os 20 minutos
mais sem graça da história da TV. Os
céus, os glaciares e os vastos campos
de lava fizeram o que podiam, mas
não foram páreo para a sorridente
falta de sal do personagem principal.
Eu dei o melhor de mim para pen-
sar em risos loucos, mas não houve
nenhum. Era apenas um bom carro.
Mais tarde, no The Grand Tour,
tentei de novo com o TT RS, levan-
do-o para a Croácia. Você se lembra?
Não, claro que não. É como tentar se
É jornalista,
apresentador do
programaThe Grand
Tour e celebridade
amada pelos fãs
e odiada por
algumas marcas
JEREMY
CLARKSON
Engana-se quem acha que para fazer um conversível esportivo é só construir uma
boa máquina com design bonito e ótimo desempenho. O Audi TTS é prova disso
A sedução passou longe
O que adianta um modo
Comfort da suspensão
que nunca é confortável?
104 QUATRO RODAS AGOSTO