REVISTA VOX - ABRIL 2021

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Foi do desejo de dar novo significa-
do ao lixo, assim como a constante bus-
ca por estimular o pensamento crítico
tanto do público quanto de seus alunos,
que nasceu o “Lixo que Fala”.
“Quando comecei o trabalho na Se-
cretaria de Tecnologia, onde ministrava
oficinas para crianças e adolescentes,
observei que havia um grande consu-
mo de materiais eletrônicos que logo
ficavam obsoletos e iam para o lixo.
A partir daí passei junto aos alunos a
transformar o material descartado em
obras de arte”, conta.
Em 2018, o projeto “Lixo que Fala”
foi semifinalista de prêmio “Arte na
Escola”, a maior premiação dada a
um docente de arte no Brasil.
Importante lembrar também
que em 2019, junto a seus alunos do
Cidadescola, foi construído o maior
mosaico do mundo feito a partir de
tampas plásticas.
“Nós arrecadamos as tampinhas

caminho”, relembra Itamar.
Com o passar dos anos desen-
volveu suas habilidades, se tornou
autodidata do grafite, participou de
diversos workshops para aprimorar
suas técnicas e, com isso, veio à certeza
de que continuaria neste caminho.
Itamar é responsável por inter-
venções artísticas por toda Presidente
Prudente e região. Seus grafites podem
ser apreciados em diversos pontos das
cidades. Essa foi uma maneira que
ele encontrou de aproximar a arte da
população.
Aos 41 anos de idade, o artista
formado em Artes Visuais e mestre em
Educação, já conquistou reconheci-
mento dentro e fora do país. Ao longo
dos 12 anos de carreira no ensino de
arte ele acumula premiações com seus
projetos. Em 2014, recebeu o prêmio
“Melhor Prática em Sala de Aula” pelo
Instituto Votorantim, no mesmo ano foi
vencedor do “Unoeste Solidária”, e em
2019, recebeu o prêmio “Boas Práticas
Pedagógicas” pela Secretaria da Edu-
cação do Estado de São Paulo - estas
são apenas algumas de suas vitórias
profissionais.
Junto à Fundação Inova Prudente,
Itamar ministra oficinas artísticas
para alunos da rede municipal de
ensino. Com o professor as crianças e
adolescentes atendidos pela Fundação
aprendem técnicas de pintura, grafite e
arte com materiais recicláveis.


por dois anos, e desenvolvemos esse
mosaico gigantesco, trabalhando não
só a arte como a questão interdisci-
plinar, fazendo o aluno compreen-
der que é possível ressignificar até
mesmo o que seria lixo. E, além disso,
ver que o material pode ser revertido
em dinheiro. No caso do mosaico,
as tampinhas foram doadas para o
Hospital do Câncer de Presidente
Prudente para a aquisição de cadei-
ras de rodas”, explica.
Para este ano, os planos de levar
o “Lixo que Fala” pelo país e exterior
seguem em andamento. As obras
fazem parte do catálogo 2021, da Bie-
nal Europeia e Latino-Americana de
Arte Contemporânea (Bela Bienal), e
serão expostas em galerias na Finlân-
dia, no mês de julho, e em novembro
no Rio de Janeiro. O Centro Cultu-
ral Matarazzo também receberá as
obras, em data a definir.
Para o artista o fato de suas obras
ganharem espaço em galerias e expo-
sições é uma grande realização.
“Meu maior objetivo é ver meu
trabalho reconhecido, na região, no
país e no exterior. A arte é uma ex-
pressão que nos ajuda a compreender
a vida, por meio dela nós demonstra-
mos o que sentimos e pensamos. Por
meio da arte vejo meus alunos en-
contrando novos significados em seu
cotidiano. A arte conta nossa história,
a arte fala”, finaliza.

“A arte é uma expressão


que nos ajuda a


compreender a vida,


por meio dela nós


demonstramos o que


sentimos e pensamos.”

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