O
COLETIVO
Feira Camaleão, em Adamantina, pede licença à agenda cultural da região e sobe
ao palco com sua pluralidade, reunindo artistas e artesãos da Nova Alta Paulista e
mostrando a força do coletivoCamaleão é um
réptil conhecido
por sua habili-
dade em mudar
de cor para se
adequar ao
ambiente. Seus
olhos ágeis e
independentes, combinados à longa e
certeira língua, completam os aparatos
naturais perfeitos para a sobrevivên-
cia. Sua singularidade já até o transfor-
mou em personagem de destaque na
obra da escritora infantil Ruth Rocha.
Nos livros ele ensina sobre a importân-
cia da individualidade para se chegar
à pluralidade, quando seres e culturas
diferentes se encontram é possível
somar e multiplicar.
Há quase quatro anos é a figura
desse bichinho que estampa a identi-
dade visual de um grupo de artistas
e artesãos da região. O que faz todo
sentido, já que essa galera se reúne
para trazer cores e experiências senso-
riais variadas à Praça Élio Micheloni,
no centro de Adamantina, por meio daFeira Camaleão.
Arquitetada pela jornalista, pro-
fessora artesã e proprietária da Tarcila
Saboaria, Arieni Tarcila Ciceri, e seu
esposo Alessandro Dias, o “Alemão”,
a feirinha retrata bem a ‘metaformose
ambulante’ citada por Raul Seixas.
Muda constantemente, se melhora e
reinventa. Cheia de vida, é um convite
constante para pensar e viver a cultura
de forma genuína, democrática e coe-
rente com os novos tempos.
Numa breve viagem no tempo,
Ari, que também é filha de experientes
artesãos e sempre esteve envolvida
com a mágica da transformação de
matéria-prima em produtos, lembra
que o desejo de reunir essa galera do
artesanato mora com ela desde quando
é capaz de se lembrar. E tanto quis, que
fez dali, daqui, até as ideias ganharem
forma no mundo real.
De acordo com ela, a Camaleão
começou a partir do Café com Bazar,
um esquema de brechó em alta na
época, criado por uma amiga e do qual
fez parte. O projeto contou com apenas42 REVISTAVOX.COM | ABRIL 2021
por IARA VALIENTE | fotos MAILA ALVES