RLPV – Conte-nos um
pouco sobre você.
Fátima Sá Sarmento - Sou
alguém que vive com
simplicidade, carrego em
meu âmago sempre, por
onde for, essa imagem de
quem nasceu e viveu a
maior parte da vida no
Sertão. Nasci numa
cidadezinha como todas do
interior do país, na zona
rural. São José da Lagoa
Tapada, próxima a Sousa.
Vim de uma família
humilde, no entanto,
batalhadora. Perdi meu pai
aos nove anos, meus irmãos
e eu fomos morar com meu
avô José Alfredo. Lá
aprendi a ser forte, ajudar
no que fosse possível. Na
verdade, quando deixamos
a nossa casinha eu só tinha
três anos. Mergulhei nas
ocupações, porém ficava a
maior parte do tempo com
meu avô. Aprendi a
plantar, colher e ordenhar
vacas antes dos oito anos.
Uma coisa devo confessar:
meu avô foi o meu exemplo
de herói. Sustentou a todos
nós, trabalhando de sol a
sol, quando voltava, no
final da tarde, contava
histórias, que fazia a minha
mente viajar. Assim foi
meu encontro com a
leitura, como dizia Paulo
Freire, li o mundo e em
seguida as palavras.
Autodidata eu me tornei.
Minha mãe é
semianalfabeta, além disso,
tinha que trabalhar na
roça. Meu avô me ensinou
a contar e escrever número,
era só o que sabia. Depois
de aprender a juntar as
letras foi fácil demais. Aos
dez anos, sabendo uma boa
base de tudo, fiz um teste
para a escola da cidade, fui
aprovada com louvor. Há
muitas histórias de
aprendizado em minha
vida, a minha timidez era
um entrave, por isso
escrevia tudo o que me
ocorresse e quando eu
voltava da escola, lia tudo
para minha vaca
Estrelinha. Pode ser
irrelevante para muitos,
não para mim, cada ser
com os quais contava,
serviu de experiência.
Apesar das dificuldades,