Tânia BrunelloMeu destino estava condenado, eu acabaria ali como todas
aquelas meninas que via pelas ruas escravizadas. Meninas que
vinham traficadas de seus países, e estavam condenadas a morrer
ali, sem nenhuma esperança, sem ajuda e sem socorro. Meninas
que apanhavam dos seus proxenetas, caso não trouxessem a
quantidade de dinheiro que eles definiam ser a cota da noite ou
do dia.
Tânia, eu não queria mais aquela vida! Precisava ser livre. Mas,
e agora?
Cecília deixou então as lembranças e voltou à realidade, e viu
que não era um sonho, tudo era real, e as palavras do Senhor em
sua mente ressoavam continuamente, dizendo,
“Deus te tocou, o teu tempo acabou, escolhe”.Escolher! Precisava escolher entre a vida e a morte, o espírito
queria viver, mas a sua carne desejava morrer.
Após uma longa caminhada cheguei à porta de uma igreja,
Quadrangular, que ficava na rua Padova nos fundos de um
comércio, ouvi louvores ao longe, hesitei um pouco antes em entrar,
mas as mãos do Senhor me conduziram até ao altar, sentei‑me
em uma das muitas cadeiras que havia por ali, e fiquei a observar
alguns jovens ensaiarem hinos de louvor e adoração ao Senhor. O
Espírito Santo estava ali, eu estava ali, mas a minha carne dizia‑me
que eu deveria ir embora, pois não era lugar para uma prostituta.
Num impulso, levanto‑me e, rapidamente, dizendo a mim
mesma que era verdade, que ali não era lugar para mim, sai
caminhando até o meio do pátio em direção ao portão central.
Seguida por um jovem, fui paralisada, e ele, ansiosamente,
disse‑me: