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(BROOK) #1
Tânia Brunello

sabia que por Ângela não ter tido estudos, aquela estrada que
encontrou no momento foi à única saída que conseguiu enxergar.


Ao amadurecer, Cecília entendeu que a vida é feita de escolhas,
sejam elas boas ou más, e o que importava agora era que tanto ela
quanto a mãe pudessem fazer novas semeaduras, mas desta vez
com boas sementes.



  • Ah, minha mãe! Minha mãe! – Exclamou. – Porque a vida
    nos pregou estas peças? Seria tão mais fácil se nós duas tivéssemos
    sido um pouco mais inteligentes e menos teimosas. Agora veja,
    quantas burradas nós duas fizemos!


Olhou mais uma vez para a sua pequena, na tentativa de fugir
dos seus pensamentos, queria voltar à sua realidade e deixar o
passado ir embora, mas ele, infelizmente, insistia em permanecer,
era como se ele quisesse dizer‑lhe, “abra‑me Cecília, deixa‑me
entrar, é preciso que você se lembre de tudo o que viveu até aqui e
compreenda a tua história”.


Não conseguindo resistir às lembranças, voltou a pensar em
sua mãe. Algum tempo depois, Ângela voltava para buscar suas
filhas, tendo que enfrentar sérios problemas para tê‑las novamente
ao seu lado; o desejo de Cecília era poder estar ao lado de sua mãe,
sentindo‑se protegida, amada, mas nesta altura seus avós paternos
lutavam na justiça pela sua guarda. Ângela sentiu uma grande
alegria quando seu advogado lhe deu a notícia de que o juiz a
havia concedido o direito de cuidar de suas filhas.


Cecília acreditou que daquele momento em diante elas
poderiam ser uma família de verdade, que triste ilusão! As três
meninas estavam felizes com o seu retorno a casa, embora a mãe
não tenha voltado sozinha, e a ideia de ter um “novo” pai não era
nada empolgante. Ângela havia conhecido um outro homem

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