AF MULHERES FERIDAS 150x220 V2_bx (2)

(BROOK) #1
Tânia Brunello

Cecília por um momento se esqueceu de sua pequena e de
toda a sua história, com esta lembrança, ela ria sem parar. Que
divertido!


Era sempre assim, corriam e corriam, depois, todos espalhados
e sentados pelo chão, riam sem parar. Embora tremessem de medo.
Quanta adrenalina, pensou!


Cecília levou as mãos à boca, a risada foi desaparecendo
lentamente, enquanto ela voltava os seus pensamentos para a sua
realidade, percebeu que naquele momento ela não havia motivos
para rir. Respirou profundamente, fechou novamente os olhos, e
viu mais uma vez o filme da sua vida.


Ali estava o medo falando mais alto, medo de apanhar, ele
andava lado a lado com a momentânea alegria, era certo que
quando chegassem em casa, a mãe os corrigiria com severidade
por desobedecerem às suas ordens. O modo como a senhora
Ângela os corrigia quase sempre deixava sinais marcantes pelo
corpo, vergões difíceis de serem escondidos, isto lhes causou muita
vergonha, ódio e traumas. Ela sempre justificava sua violência
dizendo que os filhos tinham feito por merecer uma boa surra.


Agora, com as suas lutas, podia entender que Ângela não sabia
o que era amor, amar e ser amada, não sabia o que era correção,
caso contrário, ela teria sido a melhor mãe do mundo se somente
Jesus tivesse entrado em seu coração. A sua linguagem de amor era
dar a seus filhos o que havia de melhor no mundo material, mas
palavras de carinho e de incentivo isso ela não sabia dar.


Passavam muitas humilhações quando a mãe estava presa, os
vizinhos aproveitavam para fofocar e criticar, apontando os seus
dedos sem se darem conta do quanto estivessem sofrendo. Eram
crianças ansiosas para serem felizes e amadas. Todos naquele

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