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CARLOS EDUARDO MANSUR - O perfil de Série B


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Esportes
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: CARLOS EDUARDO MANSUR


São Januário foi palco de um clássico de contrastes,
sejam eles técnicos, emocionais ou de organização dos
times. A grande questão é a interpretação que se faz da
goleada aplicada pelo Botafogo. Um exame das
escalações torna natural a sensação de que o Vasco,
com nomes mais familiares à elite do futebol nacional,
deveria estar na situação que o Botafogo ocupa hoje.


A reversão de expectativas cria a quase irresistível
tentação de recorrer à antiga tese do 'time de Série B',
como se fosse regra que a segunda divisão impõe um
perfil de jogadores talhados para este torneio, rejeitando
futebolistas capazes de competir na elite.


Faz pouco sentido, mesmo sob a habitual
argumentação de um ambiente peculiar, com estádios
inóspitos. Onze dos 20 times da atual segunda divisão
atuam em campos que receberam ao menos uma das
quatro últimas edições da Série A. No Brasil, gramados
ruins independem de divisão, mas a era dos alçapões
indomáveis graças à precariedade ficou para trás. A
Série B não é nada além de um campeonato de futebol


com menor qualidade técnica. Quanto melhores forem e
em melhor forma estiverem os jogadores que um clube
puder reunir, mais chances terá de subir.

Em 2008, o Corinthians de Felipe, Alessandro, André
Santos, Cristian, Elias, Douglas e Dentinho passeou no
acesso. Um 2009 com títulos no Paulista e na Copa do
Brasil provaria que não se tratava de um 'time de Série
B'. Em 2018, o Fortaleza de Rogério Ceni subiu com
seis jogadores que, no último sábado, enfrentaram o
Corinthians defendendo um time que é quinto colocado
da Série A.

Hoje, sem a regra desigual que lhes permitia conservar
as cotas de TV da elite, os gigantes são desafiados a
operar no mercado numa prateleira de atletas a que
usualmente não recorriam. Quando atraem jogadores
com trajetória de primeira divisão, obviamente a
capacidade técnica nunca será um problema. O desafio
é achar quem enxergue na segunda divisão um desafio
que motive.

E aí pode estar uma das chaves. Ao contrário do
Botafogo, o Vasco optou por jogadores com histórico de
Série A, mas que não viviam seus melhores momentos.
No clube, seja por motivação ou por questões técnicas,
repetiram as oscilações que os fizeram sair do radar dos
clubes da elite.

O Botafogo não goleou o Vasco, tampouco está
voltando à primeira divisão, por ter mais 'jogadores de
Série B'. O alvinegro está subindo, com méritos, porque
evoluiu como time, conseguiu encontrar um
funcionamento consistente que perdura há mais de um
turno com Enderson Moreira. Não é encantador - e
Série B nem exigia tanto -, mas o time foi capaz de
potencializar os jogadores que tinha. A forma de
defender realçou a liderança de Carli, os mecanismos
de ataque incluíam um jogo direto ou manobras pelos
lados propícias a Navarro, as ideias claras beneficiaram
o papel de Chay na criação.

O que não significa que a temporada foi um voo de
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