LUIZ GONZAGA BELLUZZO - Ativos seguros
Banco Central do Brasil
Revista Carta Capital/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
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Autor: LUIZ GONZAGA BELLUZZO
O economista de Harvard Emmanuel Fahri, infelizmente
falecido, empreendeu um estudo a respeito dos “ativos
seguros”. Entre o cardápio de ativos disponíveis, diz
Fahri, alguns são percebidos como “mais seguros” do
que outros. No entanto, a segurança é um conceito
fugidio, porque nada é absolutamente seguro. Os
investidores sempre visualizarão a segurança de um
ativo através do prisma de suas próprias percepções,
necessidades e preocupações, em relação a outros
ativos, e em relação às percepções de outros
investidores. Fahri afirma que adota uma definição
pragmática e estreita: “Um ativo seguro é um simples
instrumento de dívida que deverá preservar seu valor
durante eventos sistêmicos adversos”.
No episódio de 2008, assim como na pandemia, os
Bancos Centrais e os Tesouros Nacionais cuidaram e
cuidam de sustar a desvalorização dos ativos privados
que frequentam os balanços de empresas, bancos e
famílias. Os bancos privados e outros intermediários
financeiros protegem suas carteiras e, portanto,
salvaguardam seus patrimônios carregando títulos
públicos. Na última crise e na pandemia, os BCs e os
Tesouros emitiram títulos com rendimentos reduzidos,
mas valor assegurado pelo poder do Estado como
gestor da moeda, a ponte segura entre o passado
apodrecido e o futuro incerto.
Em 15 de junho de 2020, a economista Daniela Gabor
participou de uma audiência pública sobre as respostas
ao Covid-19 na Comissão de Economia do Parlamento
Europeu. Entre os mitos que Daniela procurou
desbancar está a ideia de que os BCs ultrapassaram
seus mandatos com intervenções desproporcionais nos
mercados de títulos públicos, minando as regras fiscais.
“Através de uma lente macrofinanceira, este argumento
é simplesmente errado. Se perguntarmos como a
estrutura financeira privada e as políticas
macroeconômicas interagem, fica claro que as
mudanças evolutivas nas finanças europeias juntaram
as políticas monetárias e fiscais. A divisão pré-crise das
funções macroeconômicas – política monetária e