Candidatos erram ao falar para a militância
Banco Central do BrasilO Estado de S. Paulo/Nacional - Política
sábado, 13 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 2 - Reforma AdministrativaClique aqui para abrir a imagemAutor: José Álvaro Moisés
O PSDB é muitas vezes (U criticado por ficar em j cima
do muro, o que nem sempre é verdade, mas o debate
entre os candidatos que disputam as prévias do dia 21
produziu um cenário no mínimo paradoxal. Por um lado,
o partido adotou um método democrático - anti-
oligárquico - de escolha de candidatos, o que o
distingue de todos os demais partidos; mas, por outro,
adotou um tom discursivo para se apresentar aos seus
filiados e apoiadores que implica em uma armadilha,
qual seja, a de ficar falando mais para dentro, para a
militância, do que para fora, para o conjunto da Nação.
É um sinal limitador.
A resposta a essa crítica é que as prévias do dia 21 são
exatamente isso, uma disputa interna pela preferência
dos militantes e apoiadores. Mas isso é um equivoco
grave porque a crise de lideranças políticas que o País
vive - de que foram expressão os escassos 4% que o
candidato do partido obteve em 2018 - não tem
possibilidade de se resolver nas estruturas fechadas de
um único partido ou de uma facção. Só ganhará
consistência e viabilidade quem lograr representar uma
alternativa real para o conjunto do País em face do
marasmo e da sensação de falta de rumos que o
acomete. É assim que poderá empolgar o partido.Não seria justo, no entanto, dizer que isso faltou
completamente no debate promovido pelo Estadão. O
ex-senador Arthur Virgílio e de, modo diferente, o
governador Eduardo Leite ensaiaram introduzir no
debate temas que sugerem a perspectiva de um macro
projeto para o país. Virgílio contrapôs ao quadro
econômico desastroso do presente à política bem
sucedida do governo FHC que envolveu
responsabilidade fiscal, cambio flutuante e meta de
inflação.A ideia é que isso é condição para uma recuperação da
economia, criação de emprego e aumento da renda das
pessoas. Leite associou às mesmas ideias o legado de
Mário Covas, Franco Montoro e José Serra, além de
FHC, para sugerir que o partido tem uma trajetória
histórica que o credencia para tirar o país da crise. O
governador João Doria manteve o perfil adotado em
debate anterior. Ele critica duramente o governo
Bolsonaro de modo a dissociar a sua imagem da
associação com ele em 2018, e tem a vantagem de ter
bons resultados a mostrar de seu governo, as iniciativas
acertadas quanto à pandemia, o equilíbrio fiscal, a
reforma administrativa e as escolas de tempo integral.Mas ainda assim, igual que seus contendores, não
transpõe completamente um perfil mais regional, sem
apontar uma pista mais concreta de como pretende, se
governo for, tirar o país da crise. É isso que faz falta
hoje.Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 2 -
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