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CARTA AO LEITOR - Do tribunal para o palanque


Banco Central do Brasil

Revista Veja/Nacional - Carta ao Leitor
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Da Redação


A Operação Lava-Jato foi um marco no combate à
impunidade no país e mesmo seus críticos, e não são
poucos, admitem o extraordinário avanço civilizatório da


empreitada. Inicialmente despretensiosa, a investigação
conduziu um grupo de procuradores do Paraná às
portas de um monumental esquema de corrupção — o
maior da nossa história e um dos maiores do mundo. No
total, o caso envolveu mais de uma centena de
parlamentares, além de governadores, ministros de
Estado e quatro ex-presidentes da República — um
deles, como se sabe, Luiz Inácio Lula da Silva, acabou
condenado a 26 anos de prisão. Num país acostumado
a uma rotina de desvios e à tolerância com os crimes de
colarinho-branco, foi um avanço inegável.

Embora bem-sucedida em muitos aspectos, a Lava-Jato
também ultrapassou alguns limites inaceitáveis. Na
ânsia de condenar quem consideravam suspeitos, os
membros da operação atentaram contra o estado
democrático de direito, uma ilegalidade revelada pelas
mensagens trocadas entre os procuradores de Curitiba
e o juiz Sergio Moro. Juntos, eles combinavam
estratégias, prazos e procedimentos, o que jamais
poderiam fazer. Afinal de contas, pelas leis brasileiras, o
magistrado precisa ter uma atuação imparcial durante
uma investigação — e não instruir uma das partes em
prejuízo da outra. Além dessa grave violação ao devido
processo legal, a Lava-Jato provocou muitas dúvidas ao
longo de sua duração em relação a um outro fator: Moro
e os procuradores teriam, em determinados momentos,
agido motivados por interesses políticos?

Alguns episódios ajudaram a levantar essa suspeita. Às
vésperas da eleição de 2018, por exemplo, o então juiz
retirou o sigilo de uma delação premiada que fazia
graves denúncias contra o PT e seus principais líderes,
um procedimento absolutamente incomum para alguém
na sua posição. Terminado o pleito, reforçando a tese
de que seu propósito era outro (no caso, criar
problemas para um partido e favorecer seu adversário),
ele abdicou da toga e aceitou o convite do presidente
eleito Jair Bolsonaro para assumir o cargo de ministro
da Justiça. Na ocasião, disse que “jamais entraria para
a política”, mas que aceitava o convite porque
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