Serviços têm queda de 0,6% em setembro
Banco Central do Brasil
O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sábado, 13 de novembro de 2021
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Autor: DANIELA AMORIM
Assim como a indústria e o varejo, o setor de serviços
também amargou perdas em setembro. O volume de
serviços prestados no País encolheu 0, 6% em relação
a agosto, segundo os dados da Pesquisa Mensal de
Serviços, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Foi a primeira baixa
depois de cinco meses. Mesmo com a queda, o setor
ainda acumula alta de 11, 4% no ano. Em 12 meses, o
avanço é de 6, 8%.
Em setembro, houve quedas em quatro das cinco
atividades de serviços pesquisadas pelo IBGE:
transportes (-1, 9%), outros serviços (-4,7%),
informação e comunicação (-0, 9%) e serviços
profissionais, administrativos e complementares (-1,
1%). O único crescimento ocorreu nos serviços
prestados às famílias (1, 3%).
O resultado surpreendeu até as estimativas mais
pessimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos
pelo Projeções Broadcast, que previam um avanço
mediano de 0, 5%. A retração é reflexo da
desaceleração da atividade econômica, o que acende
sinal de alerta para os próximos resultados, avaliou o
economista Lucas Rocca, da LCA Consultores.
'Quando olhamos para frente, vemos outros setores
com desaceleração mais acentuada e piora do cenário
como todo. Sabemos que os serviços estão muito
relacionados ao cenário, então deixa pelo menos alguns
pontos de interrogação de como vai se comportar',
disse.
JUROS. O fraco resultado do setor de serviços em
setembro fez crescer a chance de o Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central repetir uma dose
de alta de 1, 5 ponto porcentual na taxa básica de juros,
a Selic, na reunião de dezembro, conforme sinalizado
pela própria autoridade monetária, disse o estrategista-
chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.
A inflação elevada e resiliente tinha aumentado as
apostas de economistas em uma possível elevação de 2
pontos porcentuais. 'O dado de serviços reduz o apelo
por uma nova aceleração da alta de juros, pois 150 p. b
(pontos-base) já é um ritmo forte tendo em vista que a
economia tem dado sinais de fraqueza', disse.
GASTOS. Em um cenário de avanço da imunização da
população contra a covid-19 e de aumento na
mobilidade das pessoas entre as cidades brasileiras, as
famílias de classe média e alta permanecem priorizando
o consumo de serviços em detrimento da aquisição de
bens no comércio, especialmente nos últimos seis
meses, afirmou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do
IBGE. Os serviços prestados às famílias tiveram uma
expansão pelo sexto mês seguido, período em que
acumularam um crescimento de 52, 5%.
'Esse movimento acontece mais entre famílias de renda
média e alta. As famílias mais pobres destinam mais
renda para consumo de itens essenciais', disse Lobo.
Apesar da melhora nos últimos meses, os serviços
prestados às famílias ainda operam em patamar 16, 2%
inferior ao de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. 'Nos