Clipping Banco Central (2021-11-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sábado, 13 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Carnes, soja e seus derivados, como o óleo de cozinha,
milho e trigo, que estão na composição de vários
alimentos industrializados, e minério de ferro, essencial
na fabricação de inúmeros produtos, são exemplos de
matérias-primas que reagem ao baque cambial e estão
por trás inflação de dois dígitos.


Entre os principais itens da lista de aumentos estão
combustíveis, uma vez que os reajustes aplicados pela
Petrobras acompanham a variação cambial e a cotação
do petróleo.


Gasolina e óleo diesel têm alto poder de disseminar a
inflação porque afetam os custos de frete de
mercadorias. Passagens aéreas também fazem parte
do setor de transportes, que reage ao câmbio por conta
dos combustíveis.


Além disso, a energia elétrica ficou mais cara, porque foi
preciso elevar o uso de térmicas em um ano marcado
por seca e redução de produção nas hidrelétricas.


A taxa de câmbio, atualmente acima de R$ 5, ficou mais
pressionada em meio à crise política que envolve o
governo Jair Bolsonaro (sem partido).


Essa turbulência ganhou novo capítulo na reta final de
outubro, após o Palácio do Planalto decidir driblar o teto
de gastos para bancar o Auxílio Brasil, o substituto do
Bolsa Família.


Parte dos economistas demonstra preocupação com o
rumo das contas públicas, já que a incerteza fiscal pode
afastar investidores do país, deixando o real
desvalorizado frente ao dólar.


Conforme o IBGE, o IPCA de 10, 67%, no acumulado
de 12 meses até outubro, é o mais alto desde janeiro de



  1. À época, o índice oficial de inflação alcançou 10,
    71%.


Essa taxa foi registrada em meio à crise política
enfrentada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que
teve o processo de impeachment confirmado em agosto
daquele ano.


Segundo analistas, a inflação ganhou força entre 2015 e
2016 devido a uma combinação de fatores. Em 2015,
houve a pressão dos reajustes de preços administrados,
como energia elétrica e gasolina.

Coma turbulência política, o dólar também ficou mais
forte ante o real. Só em 2015, a moeda americana subiu
quase 50%, para perto de R$ 4.

A situação respingou nos preços de itens como
alimentos, também influenciados por condições
climáticas adversas em parte do país.

Antes da crise econômica de 2015 e 2016, o outro
grande choque inflacionário deste século ocorreu na
passagem de 2002 para 2003, na esteira da campanha
eleitoral que levaria Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até a
Presidência.

Em maio de 2003, com o petista já no Planalto, o IPCA
chegou a registrar 17, 24% em 12 meses, segundo
IBGE. É a maior taxa acumulada neste século, desde
2001.

De novo, as tensões vindas da área política, e o reflexo
no câmbio, ajudaram a empurrar os preços para cima.

Durante a campanha eleitoral de 2002, o mercado
demonstrou nervosismo com a possibilidade de vitória
de Lula e os rumos da economia nacional, o que levou o
dólar a subir mais de 50%naquele ano.

Contudo, ao longo do primeiro mandato do petista, a
moeda americana teve trégua, e a inflação perdeu força,
voltando para um dígito.

'A tônica dos três choques de preços [2003, 2016 e
2021] é de uma inflação de custo, orientada em parte
pela alta do câmbio', diz Peçanha, do FGV Ibre.

'O câmbio gera um custo muito importante, porque tem
efeito grande nos preços domésticos, seja por
encarecer insumos ou até bens finais. É um impacto
generalizado', completa.
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