Clipping Banco Central (2021-11-13)

(Antfer) #1

Entenda por que a curva de juros indica risco de recessão em 2022


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sábado, 13 de novembro de 2021
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Autor: Eduardo Cucolo


SÃO PAULO Pela primeira vez desde a recessão de
2014-2016, o Brasil está vendo um movimento no
mercado de juros que, em outros países, é considerado
sinal que antecipa contração econômica.


Trata-se da inversão da curva de juros, aquele momento
em que um investimento de curto prazo, de dois anos,
por exemplo, tem remuneração superior ao de um de
prazo mais longo. Pela lógica financeira, o longo prazo
deve oferecer retorno acima do de curto prazo, e não o
contrário.


Dados do banco central dos Estados Unidos -mais
especificamente do Federal Reserve de Nova York-
mostram que, desde o final da década de 1960, a
inversão da curva de juros precedeu todas as recessões
americanas.


No Brasil, não há um histórico de dados que permita
fazer tal comparação, mas um trabalho dos economistas
Gilberto Borça Jr. , Gabriel Galípolo e Igor Rocha
mostra que o mesmo ocorreu, pela última vez, nos anos


de 2015 e 2016 e está se repetindo agora.

Para eles, isso eleva as chances de que o país enfrente
nova recessão, ou crescimento quase nulo, em 2022.
Cria-se ainda um cenário que reforça a atratividade de
investimentos em renda fixa de curto prazo, em
detrimento de ativos de maior risco e do financiamento
da atividade produtiva.

Curvas de juros inclinadas negativamente mostram a
expectativa de aumento muito forte do custo do dinheiro
no curto prazo. Isso adia investimento e consumo,
enfraquece a economia e pode provocar contração da
atividade, levando o BC (Banco Central),
posteriormente, a reduzir as taxas para reaquecer a
demanda.

Considerando o NTN-F (papel do tesouro prefixado com
juros semestrais), por exemplo, as taxas anuais
estavam em 4, 25% para 2023 e 6, 83% para 2031 em
janeiro deste ano. Chegaram a 9, 18% e U11, 10%,
respectivamente, no começo de outubro, enquanto o BC
mantinha um ritmo de um ponto percentual de aumento
da taxa básica.

Quando as discussões sobre rompimento do teto de
gastos ganharam força, no final do mês passado, e o
BC acelerou o ritmo de aperto monetário, a taxa mais
curta saltou para 12, 16%. A mais longa teve alta mais
suave, para 1, 63%.

O movimento coincidiu com a revisão das projeções de
crescimento para 2022 de várias instituições, algumas já
falando em contração.

O trabalho dos economistas mostra que o mesmo
movimento ocorreu com a curva de juros dos títulos
atrelados à inflação, novamente, voltando ao cenário de
2015 e 2016.

'Momentos de aperto monetário muito forte e célere,
como agora, caracterizam-se por inversão da curva de
juros', afirma Gilberto Borça Jr, mestre em Economia
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