Mundo em Foco Extra - Água (2019-07)

(Antfer) #1

Com mais de 10% da água doce
disponível na Terra, o Brasil apre­
senta histórico de problemas rela­
cionados à estiagem na região do
semiárido, em localidades que inte­
gram o chamado “Polígono das Se­
cas”, denominação criada em 1951
pelo governo federal para comba­
ter a falta do recurso e diminuir os
efeitos danosos sobre a população.
O trecho compreende os Estados
nordestinos, exceto o Maranhão,
além do norte de Minas Gerais, com
abrangência de aproximadamente


período recente de estiagem, o que
acendeu o alerta para os habitan­
tes da região quanto à possibilida­
de de escassez.

A diminuição dos patamares
pluviométricos atingiu os Estados
do Sudeste. Contudo, a região me­
tropolitana da capital paulista apre­
sentou os efeitos mais acentuados
nos últimos anos. O Sistema Can­
tareira, responsável pelo abasteci­
mento de quase 9 milhões de habi­
tantes, teve o nível gradativamente

reduzido, causando preocupações
quanto ao fornecimento futuro de
água na região. No mês de março de
2014, as seis represas que formam
o manancial detinham menos de
15% do volume total, o menor des­
de que o Cantareira entrou em ope­
ração, na década de 1970.

No Rio de Janeiro, os quatro
maiores reservatórios que armaze­
nam água para a capital fluminen­
se também encontram dificuldades
para chegar a níveis que garantam
a segurança hídrica na região, a par­
tir da exploração do Rio Paraíba do
Sul. Já em Minas Gerais, os mora­
dores de Belo Horizonte convivem
com a possibilidade de diminuição
no consumo, pois as três principais
represas apresentavam, em julho de
2014, a média de 32%. No Estado, em
janeiro de 2015, a ausência de chu­
vas levou cerca de 100 prefeituras a
decretar situação de emergência.

Apesar dos vários recordes ne­
gativos verificados em reservatórios
do Sudeste, especialistas de gestão
de águas discordam quanto à exis­
tência da chamada “crise hídrica”
no Brasil. Profissionais da área de­
fendem o entendimento de que o
território nacional conta com ofer­
ta suficiente de água, porém falta
ao ser humano a capacidade de
gerenciar adequadamente a quan­
tidade disponível do líquido.

De acordo com o professor Luis
Antonio Bittar Venturi, livre docen­
te do Departamento de Geografia da
Universidade de São Paulo (USP), o
país apresenta todas as condições
para que as torneiras continuem a
funcionar. “Com 12% de toda a água
doce existente no planeta e pelo fato
de se situar na zona tropical (onde
há maior evaporação dos mares),
com o litoral voltado para o leste,
o Brasil recebe cargas permanentes
vindas do Oceano Atlântico, o

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950 mil km² (o equivalente a 133
milhões de campos de futebol).

Os registros de períodos difíceis
na Região Nordeste ocorreram a
partir da década de 1580. A época
exata é entre 1583 e 1585, quando o
padre português Fernão Cardim re­
latou os primeiros eventos ligados
ao fenômeno. O jesuíta destacou:
“Uma grande seca e esterilidade
na província e que cinco mil índios
foram obrigados a fugir do ser­
tão pela fome, socorrendo­se aos
brancos”. Das dez maiores secas
enfrentadas pelos brasileiros, nove
atingiram cidades nordestinas ou
do norte de Minas Gerais.

Uma corrente de pesquisadores
e diversos veículos de comunicação
atribuem os baixos volumes das re­
presas, sobretudo do Sudeste, a um
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