Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1

ou assume logo de vez que guarda estoque na gaveta. Como tem açúcar e
gordura, foi declarado culpado no começo da década de 1970 por promover a
obesidade, aumentar o risco de doenças cardiovasculares e dar espinhas mesmo
em quem já passou da adolescência. Em 1980, os pesquisadores fizeram uma
correção na informação, afirmando que chocolate só fazia mal se consumido em
excesso. Vinte anos mais tarde, as pesquisas mostraram não só que o consumo
moderado era permitido como acrescentaram que o chocolate amargo tem
substâncias que previnem o envelhecimento das células, chamadas de
antioxidantes.
Antioxidantes funcionam assim: todas as células precisam de oxigênio para
viver. Quando elas usam esse oxigênio, acontece a oxidação, que libera
moléculas conhecidas como radicais livres.
Os radicais livres se ligam a outras moléculas no sangue e causam mais
oxidações. O resultado é que o ambiente fica tóxico. Isso danifica o DNA das
células. E “DNA danificado” significa, entre outras coisas, envelhecimento. Ou
seja: a oxidação nos deixa mais velhos. Os antioxidantes, se não garantem
juventude, pelo menos retardam o caminho para a senilidade. O corpo vem de
fábrica com um mecanismo que repara parte desses estragos da oxidação, mas a
alimentação, obviamente, é importante. Alguns alimentos têm substâncias que se
ligam aos radicais livres e anulam seu efeito tóxico. No cacau – assim como no
vinho tinto, nas frutas vermelhas e no chá verde –, quem faz essa função são os
flavonoides. Cientistas da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, fizeram
uma medição e descobriram que a quantidade de flavonoides do cacau é quase o
dobro da encontrada no vinho tinto e aproximadamente o triplo da existente no
chá verde. Por isso, hoje, pequenas doses de chocolate por dia são consideradas
terapêuticas, desde que o doce tenha 70% ou mais de cacau. Pesquisadores da
Universidade de Cambridge avaliaram a incidência de derrame e doenças
cardíacas em 114 mil pessoas. Comparados aos que limitaram o consumo de
chocolate amargo a menos de duas barrinhas por semana, aqueles que comeram
mais de duas tiveram 36% menos chance de desenvolver doenças
cardiovasculares e 29% menos riscos de sofrer um derrame.


O café tem uma trajetória bastante parecida com a do chocolate. A cafeína,
uma substância estimulante, foi apontada no começo do século 20 como
desencadeadora de irritabilidade, insônia, palpitações, aumento da pressão
arterial e de um estado de alerta que levaria o cérebro a disparar a produção de
adrenalina e de cortisol, hormônios ligados ao estresse. Atualmente, sabe-se que

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