reencontrou exilados que conhecera
em suas andanças – entre eles o ami-
go cubano Ñico López, integrante do
ataque fracassado ao quartel de Baya-
mo, e a peruana Hilda Gadea, com
quem se casaria pouco depois.
Foi López quem o apresentou a
Raúl Castro, outro recém-chegado
ao México. “Quando Che soube do
plano de Fidel de invadir Cuba, sol-
tou uma gargalhada: ‘Esses caras
não têm solução!’”, relata o jornalis-
ta argentino Hugo Gambini na bio-
grafia El Che Guevara (sem tradução
no Brasil). Mas nasceu ali uma pro-
funda simpatia pela causa dos ir-
mãos Castro. Fidel já estava em li-
berdade, embora ainda não tivesse
deixado a ilha. E Guevara não via a
hora de conhecê-lo. Afinal, o irmão
de seu novo amigo era uma sensa-
ção, ídolo dos revolucionários latino-
americanos – o réu que, em pleno
julgamento, ousou acusar o governo
que o havia detido.
Em julho de 1955, Fidel Castro
finalmente chegou à Cidade do Mé-
xico. Desceu do ônibus vestindo um
terno usado, sem um tostão no bolso
e com sede de ação. Depois de passar
22 meses no presídio da ilha de Pi-
nos, em Cuba, ele tinha pressa para
reunir os exilados e retomar a luta
contra o regime de Fulgêncio Batis-
ta. Os biógrafos de Guevara e Fidel
discordam sobre a data exata do pri-
meiro encontro dos dois, mas sabem
que ele ocorreu entre julho e setem-
bro de 1955. Seja como for, uma coi-
sa é certa: a lealdade e o respeito
mútuos foram selados numa conver-
sa que durou a noite inteira, no apar-
tamento de Maria Antonia Gonzá-
lez, uma cubana casada com o luta-
dor profissional mexicano “Dick”
Medrano. O endereço – Rua Empa-
rán, 49 – servia como quartel-gene-
ral, onde exilados comiam e dor-
miam de graça.
Ao final do longo papo com Fidel,
Guevara já estava decidido a partici-
par da empreitada revolucionária.
Numa entrevista publicada em 1967
pelo jornal cubano Granma, ele recor-
daria assim o encontro: “Conheci-o
durante uma daquelas noites mexica-
nas frias, e lembro que nossa primei-
ra discussão foi sobre política mun-
dial. Poucas horas depois, de madru-
gada, eu já era um dos futuros
foto conselho do governo c
ubano
Fidel, seu irmão
Raúl e Che
Guevara, em
foto de 1963
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