conscientes vão optar pelo voto nulo – que será uma forma digna e
honesta de negar apoio a esse atual estágio de nossa cleptoplutocracia,
para usar um neologismo do falecido professor Luiz Flávio Gomes.
Assim, fica claro que Bolsonaro foi um soluço de uma direita autoritária e
preconceituosa que se encontrava adormecida na Nova República, mas
que acordou com o advento das redes sociais e a corrupção entranhada
no modelo de presidencialismo de coalizão, exacerbada pelo apetite de
poder do Partido dos Trabalhadores, o PT. O resultado, com uma
diferença de pouco mais de 10% dos votos válidos, da eleição de
Bolsonaro em 2018 contra um candidato fraco e desconhecido em pleno
auge da operação Lava Jato demonstra que minha previsão de derrota de
Bolsonaro é uma aposta confiável e factível. Qualquer um que insistir no
atual presidente será apenas mais um fanático que pouco se importa com
o futuro do país.
O que resta saber, portanto, é como impedir que a outra face do
populismo e da corrupção volte ao poder. O desafio da terceira via é
encontrar o tom certo do discurso que fará unir o centro democrático e o
empresariado, prontos a aceitarem essa candidatura, com a população
desejosa – e viciada – em líderes messiânicos. Ninguém se elege no Brasil
sem propostas que sejam compreendidas pela população. Será preciso
falar aos milhões de desempregados que perderam as esperanças, aos
empreendedores amedrontados pelo espectro da inadimplência, às
mulheres que veem a fome adentrar suas casas, enfim, será preciso
deixar claro que nenhum receituário liberal poderá colocar de lado as
aflições e problemas reais e inadiáveis que a população brasileira
enfrenta neste exato momento.
O desafio, portanto, da terceira via não é fácil. O derretimento de
Bolsonaro é inevitável, mas a transferência de votos para Lula é um
problema a ser solucionado. O quadro de candidatos ainda está
indefinido, mas vem se cristalizando de uma maneira muito rápida. Após
a derrota de Eduardo Leite para João Doria, o panorama parece ter se
definido entre esse último e Sergio Moro, com Ciro Gomes correndo
desesperadamente para não ser atropelado por Lula. No espectro da