3.3.4. Algumas Observações
Neste tópico apresentamos alguns aspectos complementares interessan-
tes para bem conduzir uma auditoria energética, como efeito da sazonalidade,
uso de consumos específicos de energia, sobre o uso da exergia como variável
energética e sobre como estabelecer as recomendações finais.
Embora seja razoável que os fatores sazonais não sejam significativos para
a energia consumida em processos industriais, existe uma clara influência da épo-
ca do ano sobre o consumo energético para condicionamento ambiental e ilumi-
nação. Assim, existirá grande diferença nas demandas de energia no inverno e no
verão em um bloco de escritórios com ar condicionado. Esta variação requer bom
senso do auditor para a adequada interpretação das medidas efetuadas.
No relatório da auditoria, os resultados das medições podem ser colo-
cados em termos absolutos (kWh, kJ, kcal, etc.) ou específicos, por unidade de
produto ou de matéria prima, na impossibilidade de usar produtos como refe-
rência. Os valores absolutos são bons indicadores da magnitude das perdas e
dos fluxos energéticos, mas não servem como base de comparação entre indús-
trias e processos análogos. Desta forma, com o uso de consumos específicos,
pode-se evitar as influências da variação do volume de produção e estabelecer
correlações mostrando como varia o consumo por unidade de produto confor-
me se altera o volume de produção. Os índices de consumo específico permitem
também estabelecer séries cronológicas e avaliar a condição de uma empresa
em particular, em relação a suas congêneres na região e no exterior, bem como
verificar o espaço para racionalização do uso de energia, a partir do cotejo com
os níveis teóricos mínimos. E, não é raro que, o baixo consumo de energéticos,
em valores absolutos para um determinado mês, em uma empresa, esteja asso-
ciado à queda dos níveis de produção e mascare na verdade um crescimento do
consumo por unidade de produto.
Ao efetuarmos comparações entre consumos específicos de origem dis-
tinta é preciso tomar a devida cautela para assegurar-se de que os parâmetros
são efetivamente análogos e consideram contextos semelhantes, em termos
energéticos. Apenas sob tais condições as diferenças entre consumos específi-
cos vão corresponder aos efeitos da conservação de energia. De pouco adianta
um número fora de um contexto, como por exemplo, um consumo de 800 kWh/
kg de peças fundidas. Este valor incorpora outras energias além da fusão? Está
computada a iluminação? Qual a matéria prima considerada? Qual o equipa-
mento de fusão empregado? A consulta a base de dados, inclusive mediante a
internet fornece dados e referências interessantes, que devem naturalmente ser
utilizadas com critério.