Danielle Steel - As Irmãs PT

do Trabalhador e nessa altura já te quero ver a fazer montes de coisas sozinha.
Combinado?
— Não — respondeu Annie e olhou furiosa para a irmã, mas pela primeira vez parecia
estar furiosa e não triste. — E nunca mais vou pentear o meu cabelo.
Naquele momento, Annie parecia uma criança de cinco anos de idade e todos eles
sorriram. Parecia tão bonita e tão vulnerável deitada ali naquela cama! Sabrina
escovara-lhe o cabelo acobreado e este brilhava sedoso. As enfermeiras tinham-no lavado
antes.
— Bem, nesse caso — respondeu Tammy em tom prático — acho que tens razão. Não vais
encontrar um namorado ou um marido se parares de pentear o teu cabelo. Espero que,
pelo menos, esteja nos teus planos tomares banho.
— Não, não está — respondeu Annie, sentando-se na cama com os braços cruzados e
todos eles riram.
Apesar de tudo, Annie riu também, pelo menos só por um breve instante.
— Não tem graça — declarou Annie, começando a chorar outra vez.
— Eu sei que não, querida — disse-lhe Tammy e beijou-a. — Não tem piada nenhuma.
Mas talvez todas juntas consigamos que te sintas um pouco melhor. Todas te amamos
muito.
— Eu sei — respondeu Annie, afundando a cara na almofada. — Não sei como hei-de
reagir. Não sei encarar esta situação. É demasiado assustador.
As lágrimas corriam-lhe em cascata dos olhos.
— Daqui por uns tempos já não será tão assustador — tranquilizou-a Tammy. — Podes
acostumar-te a qualquer coisa, se fores obrigada a isso. Tens a tua família toda a apoiar-te
— afirmou Tammy, também com lágrimas nos olhos.
— Não tenho a mãe — declarou Annie com tristeza, ao mesmo tempo que mais duas
grossas lágrimas lhe escorriam pelas faces e o pai desviava o olhar.
— Não, é verdade que não tens — concordou Tammy — mas tens-nos a nós e nós
amamos-te com todo o nosso coração. Eu telefono-te de LA e é bom que me dês boas
notícias. Se Sabrina me disser que cheiras mal, eu mesma venho até cá e dou-te um banho
com as minhas próprias mãos, com a minha esponja de crina que tu detestas — rematou
Tammy e Annie riu-se de novo. — Por isso, porta-te bem. Não sejas uma chata.
Era isso que ela costumava dizer-lhe quando eram pequenas. Só tinham uma diferença de
três anos e Annie fora uma peste quando Tammy achava que já era quase adulta. Annie
denunciara-a milhões de vezes, em especial em relação aos rapazes. E Tammy chegara
mesmo a ameaçar mais de uma vez que lhe batia, mas nunca o fez.
— Adoro-te, Tammy — disse Annie com tristeza. — Vê se me telefonas.
— Sabes bem que sim.
Tammy deu-lhe um último beijo e saiu do quarto. Os outros beijaram-na e também saíram
do quarto. Sabrina declarou que voltaria no dia seguinte com Candy, mas apenas à tarde.
Não contou a Annie, mas ia ver a casa de Nova Iorque na manhã seguinte. Partiria rumo à
cidade à mesma hora que Tammy sairia para o aeroporto, às oito horas da manhã. Sabrina
também levaria Candy consigo, por isso se ambas gostassem da casa, poderiam tomar
logo ali uma decisão.
Todos tentaram arranjar algumas soluções para Annie nessa mesma noite, durante o